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T & D® - MEDICINA

ANO I, NÚMERO 1

JORNAL MÉDICO TÉCNICO

DEZEMBRO 1998

PERIODICIDADE: BIMESTRAL

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA À CLASSE MÉDICA DE MINAS GERAIS

20 PÁGINAS

 

CASO REAL

 Dois corações encontram-se na noite,

Apaixona

Mas nunca conseguem se ver. Pg. 19 

TRANSPLANTE DE CORAÇÃO

Nasciturnos.

Adultos.

Infecções. Pgs. 6-9, 12 e 13

TRANSPLATES,

ATÉ QUANDO?

Fígados, pâncreas, seios, coração, orelhas e dedos estão tomando forma em laboratório. Pg. 17-18

ABTO?

O que é a ABTO e qual a sua

Finalidade? Como contactá-los?

Pg. 02

ENTREVISTA

O Hospital Felício Rocho. Pg. 16

Santa Casa de Belo Horizonte.

Pg. 19

TRANSPLANTES DIVERSOS:

- RINS Pg. 14 - FÍGADO Pg.14

PULMÃO Pg. 14

CABELO Pg. 17

OSSOS Pg.05

PÂNCREAS

Pg. 12

PELE Pg. 17

OLHOS Pg. 15-16

Um cirurgião dentista paulista, nos procedimentos normais de um tratamento dentário contraiu o vírus da hepatite B com o sangue de um paciente. A doença evoluiu para uma cirrose destruindo parte de seu fígado e ameaçando sua vida.

 

PROTOCOLO DE MORTE

ENCEFÁLICA.

CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSPLANTES

Pg. 03

Os avanços da medicina, tais como a ressuscitação cardíaca, circulação extracorpórea e respiradores artificiais, tornaram obsoleta a definição tradicional de morte clínica. Passou-se a aceitar o conceito de morte encefálica (ME) como o de morte clínica, contando com a simpatia da maior parte das autoridades civis e religiosas. Cabe ao neurologista a difícil tarefa de decidir se determinado paciente, a despeito de tremendos esforços médicos, apresenta uma cessação irreversível da atividade cerebral. Pg. 04 e 05

 

FORMULÁRIO DE CONSULTA

AO ANUNCIANTE.

Pg. 02

 CRÔNICA

Pg.02

HOMENAGEM

Pg.02

COMO ANUNCIAR NO JORNAL?

Pg. 20

 

 

 

 

 

 

 

 

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ANO I, NÚMERO 1

JORNAL MÉDICO TÉCNICO

DEZEMBRO 1998

PERIODICIDADE: BIMESTRAL

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA À CLASSE MÉDICA DE MINAS GERAIS

PÁGINA 02

 

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos

 

A ABTO é uma sociedade médica civil, sem fins lucrativos, com sede na cidade de São Paulo e tem por finalidade: estimular o desenvolvimento de todas as atividades relacionadas com os transplantes de órgãos no Brasil; congregar os profissionais e as entidades interessadas em transplantes de órgãos ; contribuir para o estabelecimento de normas e para a criação e aperfeiçoamento de legislação relacionadas com o transplante de órgãos; estimular a criação de centros de doação, bancos de órgãos, serviços de identificação de receptores e outros correlatas; estimular a pesquisa e colaborar na difusão de conhecimentos sobre transplante de órgãos; promover a realização de congressos, simpósios, conferências e outras atividades relacionadas com o transplante de órgãos difundir junto ao público em geral, com os recursos de conscientização disponíveis e respeitada a ética profissional, o significado humanitário, científico e moral do doação de órgãos para transplantes ; estimular o intercâmbio com Sociedades congêneres.

Endereço de contato:

ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos

R. Barata Ribeiro, 483, cj. 134/135 , São Paulo - SP, CEP 01308-000

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SER HUMANO

 

Somos induzidos a acreditar que o progresso e conforto bastam para que o indivíduo preencha suas necessidades. A realização de nossos sonhos é oferecida como algo externo e independente de nossa própria vontade.

A cada dia que passa, descobrem-se mais remédios para curar doenças, novos aparelhos para tratar as mais diversas patologias, novos chips de computador, carros mais rápidos, entre outros. O homem é capaz de atravessar oceanos, vencer tempestades e furacões, viajar pelo espaço, pesquisar as profundezas dos mares. Atualmente a genética já desenvolve vida em laboratório. A vida não para... Lucro, fama e reconhecimento são os objetivos humano.

Paralelamente ao intenso desenvolvimento tecnológico e de nossas capacidades intelectuais: violência, catástrofes e corrupção são as manchetes dos jornais. Pressa, crise, ansiedade, brigas, desentendimentos e separações são as marcas do cotidiano. Poder, prazer e status são o que oferecem a mídia eletrônica em troca de nosso dinheiro.

Viver para muitos é um desafio onde nossos mecanismos de defesa contra o medo e a ansiedade diante da perspectiva de mudança, de acontecimentos, paralisam o indivíduo, tornam um simples problema difícil de ser resolvido, um preconceito difícil de ser vencido. É impressionante notar como as pessoas, atualmente, têm medo de se expressar: de falar, sorrir, sofrer, chorar, amar, gritar, realizar....

Será a vida completa se o indivíduo não puder expressar sentimentos, desejos e impressões?

Vivemos em um mundo cheio de regras, afogados em leis e conceitos que tentam nos impor uma direção, dizendo-nos como ser, agir, viver e agora morrer..

As regras, preconceitos, falsos valores, leis pretensiosas que tentam superar o próprio homem destroem, a cada dia que passa, os valores humanos básicos de fraternidade, respeito e cumplicidade. Passamos a julgar as pessoas com base nos opostos. Nossa sociedade dita aquilo que devemos ser, onde trabalhar e quanto ganhar e o que ter para sermos valorizados. A sociedade ignora nossos valores particulares, decepa nossa criatividade, anseios e sonhos de realização pessoal. Estamos vivendo em uma sociedade doente onde devemos escolher entre participar da psicose coletiva ou correr os riscos, de até mesmo sermos banidos, para nos tornarmos um ser humano completo e sadio.

ASaliba.

 

Jornalista Responsável:

Rodrigo A Silva

FENAJ 2938/MG

Diretor Comercial:

Denise M X Saliba

Conselho Editorial:

T & D Service Imp. Com.

Redator: Denise Saliba

Realizador:

T & D Service

Criação, Diagramação e Arte: T & D Service

Impressão: FUMARC

Tiragem: 25.000

Homenagem:

Dedico este jornal a meu pai, Antônio Florentino dos Santos Saliba, falecido 09/04/98,

por não ter tido tempo de ver a obra concluída.

Obrigada pelo carinho e por tudo.

Com amor, Denise M. X. Saliba.

T & D MEDICINA

Endereço: Rua Guajajaras, 910/1812, Centro,

Belo Horizonte – MG

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Telefone: 031 2713930

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MÉDICA DE MINAS GERAIS

PÁGINA 03

 

 

 CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSPLANTES

 

Para pessoas com doenças hematológicas graves, como a leucemia mielóide, o transplante de medula é o tratamento mais indicado. A maioria é realizado entre pessoas da mesma família, com o sistema HLA idêntico ou o mais compatível possível.

O norte americano Jeff Getty, portador do vírus da AIDS ofereceu-se como voluntário para receber a medula de um babuíno (espécie de macaco aparentemente imune ao HIV, uma nova perspectiva de tratamento. O objetivo é aumentar sua defesa contra a doença.

Médicos brasileiros aprendem diariamente novas técnicas cirúrgicas em transplante de órgão e tecidos do corpo humano, não ficando nada a dever aos colegas estrangeiros.

O projeto do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) ao qual foram anexados mais dois projetos semelhantes dos senadores Darcy Ribeiro (PDT-RJ) e Benedita da Silva, de teor polêmico, transformou todo o brasileiro em doador de órgãos. Segundo o texto do projeto quem não quiser ser doador terá de expressar sua vontade na carteira de identidade através de um carimbo com os seguintes dizeres "Não doador de órgãos e tecidos". Por trás desta lei há a expectativa de que a fila dos transplantes ande mais rápido. Porém, a maioria dos médicos não se animou "Mesmo com a aprovação da lei, nenhum médico fará um transplante a revelia da família.." é a opinião da maioria. "Precisamos ser sensíveis ao sofrimento da família", segundo o médico Paulo Chap Chap, especialista em transplante de fígado de São Paulo. Não podemos esquecer que o doador de órgãos é, em geral. Uma pessoa jovem, saudável, e que sofre uma morte traumática e repentina, que choca os familiares", completa o nefrologista José Osmar Medina Pestana, da Unidade de Transplante Renal da Universidade de São Paulo.

No momento da doação, as famílias de pacientes com morte cerebral confirmada costumam padecer de um temor terrível carregado de esperança: "Será que não a chances dele acordar?". A resposta é sempre a mesma, segundo o Dr. Osmar Medina, "Não. Quando falamos de morte cerebral houve um eletroencefalograma que não registrou atividade cerebral de qualquer espécie."

Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, ABTO, de dez famílias consultadas sete concordam com o transplante. Por esta razão, para a maioria dos médicos da área, o fim das filas do transplantes não depende da criação de leis mas de educação da população e, sobretudo, do estabelecimento de uma bem azeitada estrutura de captação de órgãos. Segundo os médicos, é nesse ponto que estão os maiores obstáculos. Eles já começam na chegada de um paciente acidentado em um pronto-socorro. Constatada a morte cerebral, o doador deveria continuar na UTI com os mesmos cuidados que receberia se ainda estivesse vivo: soro, respiração artificial, drogas para manter a pressão estável. "Mas com o estado da saúde no Brasil, não há condições nem de tratar os pacientes vivos, quanto mais o mortos, lamenta o nefrologista Medina.

Fazer o órgão chegar ao receptor também não é uma tarefa simples. Embora os hospitais sejam obrigados a notificar os casos de morte encefálica às centrais de transplantes num prazo de 12 a 24 horas, muitos órgãos ainda são perdidos nessa tapa. Ou mesmo depois, no transporte até o receptor. Enquanto a córnea resiste de três a quatro dias até o transplante, o rim só dura 48 horas e o coração precisa estar batendo em outro peito no prazo máximo de quatro horas. No Rio de Janeiro, os próprios médicos do programa Rio-Transplante têm que transportar os órgãos doados, conta o nefrologista José Cavalieri. No século 18, o pioneiro inglês John Hunter (1728-1793), considerado o pai da cirurgia experimental, jamais poderiam imaginar que seus colegas seriam prejudicados, no futuro, por questões estruturais como esta. Em sua época, os obstáculos eram, sobretudo, de caráter científico: como enxertar o órgão unindo, perfeitamente, vasos e artérias? Porque alguns transplantes sofriam rejeições e outros não? Como evitar as infecções?

Apesar de tantas dúvidas, Hunter ainda conseguiu algumas façanhas, como o transplante de um dente humano na crista de um galo. Aparentemente banais, suas experiências abriram caminho para os cirurgiões que viriam nos anos seguintes. Até que, no princípio deste século, as possibilidades de transplantes se tornariam muito mais concretas graças aos estudos do francês Alexis Carrel, criador de uma técnica de sutura vascular que lhe valeria o Prêmio Nobel de Medicina de 1912. Contudo, nesses primeiros tempos, nem a perícia dos melhores cirurgiões era capaz de evitar o grande índice de morte dos pacientes. Ainda faltava aos médicos um maior conhecimento do mecanismo da rejeição e das formas de combatê-la.

Ao longo dos anos vários medicamentos foram testados para reduzir a reação imunológica do organismo e combater a rejeição. Os resultados nem sempre eram satisfatórios, o que barrava o avanço dos transplantes. Até que, finalmente, veio a ciclosporina, no final da década de 70. Associada a outras drogas, como azatilprina e corticóides ela permite a realização dessas cirurgias com chances cada vez maiores de recuperação.

Contudo, o maior mérito desses medicamentos é, exatamente, o seu maior perigo: a ação imunossupressora que eles exercem sobre o organismo. Ao baixar as defesas imunológicas, elas também abrem caminho para a ocorrência de infecções e, a longo prazo, à formação de tumores. Por isso, atualmente, a maior meta dos pesquisadores é encontrar uma droga imunossupressora que tenha ação específica sobre o órgão transplantado. Com um medicamento assim, ainda um sonho não realizado, seria possível transplantar membros inteiros, como braços e pernas, vencendo a rejeição da pele, ainda mais terrível do que a dos órgãos internos.

Outra linha de pesquisa é o transplante entre espécies diferentes, chamados de xenotransplantes. Experimentos deste tipo já são feitos há bastante tempo com animais de laboratório. O objetivo é a obtenção de órgãos de animais que possam ser transplantados em seres humanos. Isso já foi tentado em 1984 pelo cardiologista americano Leonard Bailey, que implantou o coração de um macaco babuíno no tórax de uma menina recém-nascida. Ela viveu apenas 20 dias. Atualmente, médicos americanos e europeus estão pesquisando a criação de porcos geneticamente modificados, ou seja, com alguns genes humanos, especialmente para transplantes. Há, ainda, a possibilidade de reconstrução de órgãos a partir de células do próprio paciente. No Rio Grande do Sul, o médico Hiram de Almeida Júnior está conseguindo pele a partir da célula do bulbo do cabelo. Essas possibilidades podem parecer fantasiosas. Mas as atuais pesquisas também pareciam assim aos olhos dos pioneiros cientistas dos séculos passados.

Atualmente, uma menina de cinco anos, sueca, foi submetida a um transplante de cinco órgão vitais em um Hospital de Gotemburgo, Suécia,. A operação que durou 12 horas e a equipe médica transplantou o fígado, o estômago, o pâncreas, duodeno e o intestino delgado. O estado da menina é grave mas estável.

Esta e outras cirurgias demonstram o esforço da medicina e de seus valorosos profissionais no aprimoramento de técnicas a fim de prolongar a vida humana.

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PÁGINA 04

 

PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA

 Os critérios em uso atualmente são basicamente parecidos, diferindo fundamentalmente do tempo de observação e da necessidade ou não de exames subsidiários comprobatórios da morte encefálica. Em boa parte do continente Europeu e na maioria dos estados Norte Americanos o critério é puramente clínico, dispensando exames subsidiários.

Quaisquer que sejam os critérios, existem dois pontos básicos e indispensáveis:

1. A causa da lesão cerebral deve ser necessariamente conhecida, quer por lesão estrutural quer metabólica;

2. Estruturas vitais do encéfalo, necessárias para manter a consciência e a vida vegetativa, estão lesadas irreversivelmente.

O Hospital das Clínicas da FMUSP, pioneiro no transplante de órgãos na América Latina, sendo hoje responsável pela maioria dos transplantes realizados no País, estabeleceu seu critério de morte encefálica em 1983, através da clínica Neurológica. No Brasil, o conceito de morte encefálica foi feito por ocasião do 1º transplante a partir de cadáver, em 1968. A pedido dos Professores Zerbini e Campos Freire, Prof. Paulo Vaz Arruda e Prof. Adail de Freitas Julião estabeleceram o "conceito e comprovação de morte real", calcado somente em critérios eletroencefalográficos.

O conceito é baseado na constatação clínica de coma aperceptivo e ausência de reflexos ou movimentos supraespinais, excluídos hipotermia e depressão medicamentosa, com uma observação mínima de 6 horas. O achado clínico deverá necessariamente ser respaldado por um exame subsidiário que demonstre inequivocamente ausência de atividade elétrica cerebral, ou ausência de perfusão sanguínea cerebral ou de atividade metabólica.

O cérebro pode ser deprimido por drogas até níveis afuncionais, não perdendo entretanto a capacidade de recuperação, como por exemplo em anestesia geral. Em diversos centros neurotraumatológicos se usam rotineiramente doses elevadas de barbitúricos, como medida de proteção cerebral, e o paciente nestas condições se apresenta arreativo e com o traçado eletrencefalográfico isoelétrico. Acredita-se que a hipotermia reproduzida este quadro.

Abundante experiência clínica e laboratorial demonstra que um cérebro sem estar sob o efeito de drogas depressoras e que mostre ausência de função por um período de poucos minutos, após uma agressão estrutural ou metabólica, não tem chances de melhorar. Nos diversos critérios existentes, entretanto, o período de observação varia de uma a 24 horas.

Os critérios clínicos de morte encefálica são baseados na ausência de atividade do tronco cerebral, desde que o exame das funções hemisféricas é falho para tal finalidade.

A grande maioria dos critérios de ME excluem as crianças, não havendo ainda um consenso na literatura no diagnóstico e confirmação da mesma na infância.

Diversos aspectos devem ser considerados durante o exame neurológico de crianças com suspeita de ME. como exemplo, os reflexos pupilares estão ausentes nas 30 primeiras semanas de gestação e as pupilas são mióticas. Em recém-nascidos os reflexos vestibulares à estimulação calórica estão ausentes, tanto pela exiguidade do conduto auditivo externo como pela probabilidade de ototoxicidade por hiperbilirrubinemia.

Nas crianças, em contraste com os adultos, o tempo decorrido entre o diagnóstico de ME e a parada cardíaca é bem maior. Muitas crianças mantém batimentos cardíacos por uma ou duas semanas, existindo casos isolados publicados de 70 a 201 dias de duração. Porém, algumas afirmações devem ser feitas. Nenhuma criança com o diagnóstico de ME por mais de 24 horas "sobreviveu" . Não há relato de nenhuma criança com ME segundo o critério para adultos que tenha sobrevivido.

No exame neurológico em crianças em ME deve ser considerada a inconstância de certos achados, tais como os reflexos cranianos. Como outro exemplo, a arreatividade motora é de valor muito limitado, pois pode ser transitória em alguns casos. A ausência de respiração no teste da apnéia é o achado mais importante na infância.
Em relação aos exames subsidiários comprobatórios de ME, os mais confiáveis e aceitos na atualidade são aqueles que demonstram a total ausência de perfusão sanguinea encefálica. Temos uma grande variedade de técnicas disponíveis tais como: angiografia cerebral completa, angiografia cerebral radiossotópica, doppler transcraniano, tomografia computadorizada com contraste ou com xenônio.

O exame da atividade do tronco cerebral na morte encefálica em crianças de mais de 3 anos de idade e adultos compreende os seguintes achados:

1. Pupilas paralíticas - devem estar fixas e arreativas frente a um estímulo luminoso.

2. Arreatividade supra-medular

3. Ausência do reflexo córneo palpebral

4. Ausência de reflexo óculo vestibulares - os reflexos óculo vestibulares estão ausentes. Pesquisado pela movimentação lateral ou vertical da cabeça ou então pela irrigação dos condutos auditivos com 50 cm de água gelada

  1.  
  2. Apnéia - é o exame mais importante. Entretanto, deve-se lembrar que a maioria dos pacientes comatosos encontram-se em hipocapnia e hiperoxigenados. Por isso deve-se realizar a prova da apnéia.

Prova da Apnéia

No doente em coma, o nível sensorial de estímulo para desencadear a respiração é alto, necessitando-se de PaCO2 de até 55mmHg, fenômeno que pode determinar um tempo de vários minutos entre a desconexão do respirador e o aparecimento dos movimentos respiratórios, caso a região ponto-bulbar ainda esteja íntegra. A prova da apnéia é realizada de acordo com o seguinte protocolo:

1. Ventilar o paciente com FO2 de 100%

2. Desconectar o ventilador

3. Instalação de cateter traqueal de oxigênio com fluxo de 6 litros/minuto.

4. Observar os movimentos respiratórios por 10 minutos, visto que a cada minuto de apnéia a PaCO2 aumenta de 3mmHg, portanto após 10 minutos teremos uma ascensão da PaCO2 em 30mmHg.

As falhas diagnosticas clínicas ocorrem pela constatação de pupilas paralíticas que se associam a doenças prévias, drogas anticolinérgicas e bloqueadores neuromusculares. A ausência de reflexos oculocefálicos associa-se a agentes ototóxicos, depressores vestibulares e a doença prévia. A arreatividade motora ocorre associada ao uso de drogas depressoras, bloqueadores neuromusculares e síndrome de "locked-in".

Os exames subsidiários que confirmam o diagnóstico clínico de morte encefálica são vários. A ausência de atividade elétrica cerebral é evidenciada pelo EEG e pelo estudo dos potenciais evocados. A ausência de perfusão sanguínea cerebral é evidenciável pela arteriografia, pelo estudo radioisotópico, pelos estudos ultrasonográficos transcranianos e pela monitorização da pressão intracraniana. A ausência de atividade metabólica é evidenciável pelo PET-SCAN e por métodos que medem a extração e o consumo de oxigênio.

Em 1987 foi proposto e aceito um critério de ME em crianças pelo AD HOC Force Committee. Este critério ainda apresenta certas controvérsias e só é válido para crianças acima de 7 dias de vida. Baseia-se em:

A - História - Determinar a causa do coma para eliminar condições de reversibilidade.

B - Exame físico

 

1. Coma e apnéia

  1.  
  2. Ausência de função do tronco
  1.  
  2. pupilas arreativas
    b. ausência de reflexos oculocefálicos
    c. ausência de reflexos supraespinais

 

3. Excluída hipotermia e hipotensão

4. Arreatividade motora excluindo automatismos medulares

  1.  
  2. Exame inalterado durante o período de tempo determinado

 

C - Período de observação de acordo com a idade

  1.  
  2. 7 dias a 2 meses - 48 horas e EEG isoelétrico
  3.  
  4. 2 meses a 1 ano - 24 horas com EEG ou exame radioisotópico

3. acima de 1 ano - 12 a 24 horas com exames subsidiários facultativos.

O exame neurológico do recém-nascido é baseado fundamentalmente na avaliação do tronco cerebral. Nos prematuros esta avaliação é problemática, pois parte destes reflexos estão ausentes normalmente.
Os exames subsidiários igualmente são problemáticos nos prematuros. Assim EEG isoelétricos podem voltar a mostrar atividade e resíduos de fluxo sanguíneo cerebral pode aparecer em crianças irreversíveis.
A preocupação recente em caracterizar a morte encefálica como morte clínica, relaciona-se com os pacientes que se tornaram inviáveis nos leitos de terapia intensiva e aos programas de transplantes de órgãos. Um progresso da legislação se iniciou e em 3 de março de 1988 o Congresso Nacional determinou que é da competência do Conselho Federal de Medicina (CFM) todo ato médico. Em 1990 o CFM determinou que a ME tem o valor de morte clínica.

 INCOR/SP

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PÁGINA 05

 

TRANSPLANTE DE OSSOS

 

No Hospital da Clínicas da USP, o ortopedista José Otávio Correard realizou em junho de 1995, o primeiro transplante de osso liofilizado do Brasil. A paciente, uma advogada, sofre de artrite reumatóide e a prótese que usava provocou uma perda óssea no quadril, o que a impedia de andar, Transplantes de ossos já são realizados em outros centros médicos, como o Hospital de Traumato-Ortopedia, do Rio de Janeiro, que tem mais de 300 pacientes na fila. A diferença é que os ossos não são desidratados, mas limpos quimicamente e congelados.

Segundo Correard, a liofilização (desidratação) é um método ainda mais seguro, não só eliminando o risco de contaminação como reduzindo a rejeição a quase zero.

 

SELEÇÃO DO DOADOR


ENXERTO E TRANSPLANTE DE OSSOS,
CARTILAGENS E ARTICULAÇÕES

Os doadores, quer sejam vivos ou cadáveres devem ser selecionados entre aqueles que não sejam portadores de doenças transmissíveis pelo sangue, posto que os ossos, principalmente de estrutura esponjosa, possuem uma grande quantidade de sangue em seu interior, não removível, e entre aqueles que não possuem patologias ósseas, cartilaginosas ou articulares. Assim sendo excluímos doadores: acima de até 40 anos para as articulações e cartilagem sendo aceitos até 60 anos para enxertos ósseos. A seguir listamos as contra indicações para doação:

I - CONTRA INDICAÇÃO ABSOLUTA

a) INFECÇÕES

Septicemia
Hepatite
Sífilis
Infecção por CMV
SIDA
Raiva
Doenças de Chagas

Para doador cadáver serão realizadas três hemoculturas que se positivas, invalidarão, a peça retirada para enxerto ou transplante.

b) DOENÇAS ÓSSEAS METABÓLICAS

  1.  
  2. Osteoporose
  3.  
  4. Osteomalácia
  5.  
  6. Osteíte fibrosa
  7.  
  8. Osteodistrofia renal
  9.  
  10. Doença de Paget


c) DOENÇAS REUMÁTICAS

  1.  
  2. Artrite reumatóide e suas variáveis ( artrite reumatóide juvenil; síndrome Sjögren; síndrome Felty )
  3.  
  4. L.E.S.
  5.  
  6. Espondiloartropatias ( espondilite anquilosante; Roiter e artrite psoriática)

d) LEUCEMIA, LINFOMAS, D. HODGKIN, LINFOSARCOMA e) CÂNCER II - CONTRA INDICAÇÃO PARA DOAÇÃO DE CARTILAGEM E ARTICULAÇÕES,
APENAS ( POSSÍVEL DOAÇÃO DE OSSO PARA ENXERTIA )
a) Sinovite vilo nodular; b) Gota primária e secundária; c) Osteoartrose. OBS.: Independente dos critérios acima adotados realiza-se também cultura do material para enxerto ou transplante, que se positivo invalida a sua utilização.

DOADOR CADÁVER


A retirada dos ossos será feita pela Equipe de Enxertos Ósseos e Osteo Articulares do HTO, sempre que solicitada, em qualquer local, obedecendo as normas de doação já estabelecidas ( diagnóstico de óbito, autorização da família e quando necessário da Direção do Hospital ).

A Equipe do Banco de Enxertos Ósseos e Osteo Articulares do HTO, para retirada de enxerto, será composta de 02 ( dois ) cirurgiões e 01 ( uma ) enfermeira.

  Hospital da Clínicas da USP

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PÁGINA 06-08

 

TRANSPLANTE DE CORAÇÃO NEONATAL  

O primeiro transplante cardíaco entre humanos foi realizado por Barnard em 1967 1 e, no mesmo ano, relatado o 1º transplante neonatal, quando Kantrowitz 2 tentou, sem sucesso, o transplante em recém-nato portador de anomalia de Ebstein. Somente com a introdução da ciclosporina, como droga imunossupressora de base, houve novo alento, motivando vários grupos a reiniciarem seus programas, até então suspensos, pela dificuldade no manuseio da rejeição 3.

A aplicação clínica do transplante, principalmente no período neonatal, deve-se ao pioneirismo de Bailey que, em 1984 4 realizou o primeiro xenotransplante em criança portadora de síndrome de hipoplasia de coração esquerdo (SHCE) e, um ano após, realizou o primeiro transplante em recém-nato com a mesma cardiopatia 5, sendo que a criança encontra-se bem até os dias atuais 6.

A aplicação do transplante cardíaco na área pediátrica tem possibilitado sobrevida e melhora da qualidade de vida em um grupo de crianças portadoras de cardiomiopatias refratárias e cardiopatias complexas.

Entre novembro/92 a novembro/95, 11 crianças com idades variando entre 12 dias a seis anos (media 2,5 anos) foram submetidas a transplante ortotópico de coração. Sete eram do sexo masculino. O peso variou de 3,5 a 18 (média 10,3) kg.

A indicação para transplante foi motivada por cardiopatia congênita em dois casos (SHCE e atresia pulmonar com septo íntegro e circulação coronária dependente do ventrículo direito), em oito, por cardiomiopatia dilatada e em um, por cardiomiopatia restritiva.

O neonato portador de SHCE encontrava-se clinicamente em bom estado geral, hemodinamicamente estável, em uso de prostaglandina E1. O portador de atresia pulmonar canal dependente com sinusóides, que comunicavam amplamente o ventrículo direito (VD) à circulação coronária, foi submetido a cirurgia paliativa de Blalock-Taussig, com 14 dias de vida, ficando liberado para transplante e mantendo-se em bom estado geral, com cianose discreta.

As crianças portadoras de cardiomiopatia apresentavam-se em insuficiência cardíaca refratária, em uso de medicação anti-congestiva. O ecodopplercardiograma (ECO-Doppler) revelou uma fração de encurtamento entre 10 a 14%. No estudo hemodinâmico, em condição basal, o índice de resistência vascular pulmonar variou entre 1,2 a 4,9 unidades Woods.

Os doadores apresentaram idade variável de 21 dias a 10 anos (media 4,4 anos), com peso de 3,8 a 30 (média 14,3) kg. As causas de morte encefálica foram: traumatismo crânio encefálico (cinco casos); tumores cerebrais (dois); mal convulsivo (um); afogamento (um); anoxia neonatal (um).

Os critérios de inclusão do receptor foram: crianças <6 anos, estabilidade hemodinâmica, ausência de quadros septicêmicos, de alterações neurológicas, renais, anormalidades cromossômicas e de distúrbios psiquiátricos entre os responsáveis da criança.

Na avaliação do receptor foram necessários o conhecimento dos seguintes parâmetros: tipagem sanguínea e dos antígenos de histocompatibilidade (HLA); painel imunológico (PRA), hematológico (hemograma, coagulograma), sorologia (HIV, hepatite B, C, sífilis, Chagas, toxoplasmose, citomegalovírus, Ebstein-Barr); tomografia de crânio, eletrocardiograma (ECG), ECO-Doppler, estudo hemodinâmico, ventriculografia radioisotópica e cintilografia com gálio 67.

Quanto ao doador, uma vez apresentando tipagem sangüínea e peso compatíveis com o receptor (tipagem sangüínea concordante com o sistema ABO e peso do doador até 250% superior ao do receptor), continuou-se a investigação para confirmação de morte encefálica através de angiografia cerebral ou eletroencefalograma. Do ponto de vista cardiovascular, os doadores apresentaram radiografia de tórax normal, ECO-Dopler com fração de encurtamento 25% e ausência de defeitos congênitos. Avaliou-se o doador do ponto de vista infeccioso através de hemograma, sorologia para HIV, sífilis, hepatite B, C, Chagas, citomegalovírus etoxoplasmose. Realizou-se o cross-match em todos os casos (prova entre células do doador e plasma do receptor, cuja positividade excluiu a possibilidade de utilização do órgão).

A relação de peso do doador foi em média 140% ao do receptor. O painel imunológico do receptor variou de zero até 5%. Todos apresentaram prova de cross-match negativa. Quanto a sorologia HIV, hepatite B, C, Chagas, sífilis foram todas negativas, tanto nos receptores quanto nos doadores. No manuseio perioperatório, confirmando-se a viabilidade do doador, deixou-se o receptor em jejum, iniciando-se a ciclosporina enquanto aguardava-se o resultado da sorologia do doador e o do cross-match. Imediatamente antes do transplante foram administrados solumedrol e antibiótico profilático. Todos os derivados sangüíneos que foram utilizados no receptor foram lavados e irradiados.

No manuseio pós-operatório (PO), a monitorização hemodinâmica consistiu na avaliação dos parâmetros: temperatura, freqüência cardíaca (FC) e respiratória, pressão arterial sistêmica (PAS), venosa central, de átrio esquerdo (AE) e pressão média de artéria pulmonar. As principais drogas utilizadas foram: dobutamina, isoproterenol e nitroprussiato de sódio em 100% dos casos; epinefrina e norepinefrina em 10% e, nitroglicerina em 30%. O tempo de uso de drogas vasoativas foi de 24 dias em crianças menores que seis meses e de seis dias em crianças maiores.

As medidas profiláticas, quanto aos processos infecciosos, foram isolamento reverso, imunoglobulina humana e antibioticoterapia até retirada dos drenos. O ganciclovir foi administrado quando a sorologia do receptor era negativa e a do doador positiva para o citomegalovírus, quanto a toxoplasmose, quando a sorologia do receptor foi negativa e a do doador positiva, empregou-se o esquema profilático de pirimetamina. A nistatina oral foi administrada após retirada do tubo endotraqueal para profilaxia de candidíase oral.

Do ponto de vista laboratorial, foram estudados os eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, magnésio), a dosagem sérica da ciclosporina, o hemograma, a avaliação da função renal (níveis de uréia, creatinina e cleareance de creatinina) e a função hepática. Outros exames como a radiografia de tórax, o ECG, o ecocardiograma (ECO) e a cintilografia com gálio 67 foram realizados em intervalo variável, conforme o estado clínico dos pacientes.

A profilaxia da rejeição consistiu na utilização imediata da ciclosporina e azatioprina como drogas imunossupressoras básicas, empregando-se, paralelamente, o solumedrol e linfoglobulina de coelho. A dose da ciclosporina foi controlada de acordo com seu nível sérico através do método de radioimunoensaio, mantendo-se o nível entre 300 a 400ng/mL. A dose da azatioprina variou de 1 a 3mg/kg/dia, conforme o número de leucócitos em nível de sangue periférico, sendo suspensa quando era <4.000 células por mm3.

O diagnóstico de rejeição aguda baseou-se no quadro clínico, ECG, ECO-Doppler e cintilografia com gálio 67. A biopsia endomiocárdica foi utilizada nos pacientes onde houve necessidade de estabelecer o diagnóstico diferencial com processos infecciosos miocárdicos. Para o tratamento dos quadros agudos de rejeição foi utilizada a pulsoterapia (metilprednisolona, nas doses de 125mg de 12 em 12h durante quatro dias até 10kg de peso da criança; 250mg de 12 em 12h quando o peso foi entre 10 a 20kg e 500mg de 12 em 12h quando 20kg) e, dependendo da gravidade do quadro, associada a linfoglobulinas.

Após a alta hospitalar, as crianças sem adequadas condições sócio-econômicas permaneceram na Associação de Assistência a Criança Transplantada do Coração, entidade filantrópica que proporciona habitação, alimentação e acompanhamento psicológico e social, criada especialmente para possibilitar o desenvolvimento do transplante neste grupo populacional.

Sabe-se que, de acordo com a cardiopatia, a criança irá se beneficiar com determinado tipo de terapêutica pré-operatória, enquanto se aguarda o transplante.

Os critérios de inclusão do receptor são importantes pois deles dependerão o sucesso ou não do transplante: idade gestacional 36 semanas e peso de nascimento 2.200g, estabilidade metabólica e hemodinâmica, ausência de quadros sépticos, neurológicos, renais e anormalidades cromossômicas, bem como ausência de distúrbios psiquiátricos nos responsáveis da criança. Quanto a hipertensão pulmonar, preconiza-se índice de resistência vascular pulmonar <6 unidades Woods e gradiente transpulmonar (pressão média de artéria pulmonar menos pressão de capilar pulmonar) <15mmHg em repouso ou após emprego de vasodilatadores (nitroprussiato de sódio, oxigênio ou óxido nítrico), pois índices acima destes valores implicam em maior mortalidade perioperatória 8. Todos os nossos pacientes tiveram índice de resistência vascular pulmonar <6 unidades Wood, encontrando-se a média dentro dos limites da normalidade.

No manuseio PO, preconiza-se monitorização hemodinâmica através da FC e respiratória, da PAS, venosa central, de AE e da média de artéria pulmonar. A pressão em artéria pulmonar e atrial direita são úteis quando há evidências de falência ventricular direita por hipertensão pulmonar. Nestes casos, as drogas de escolha são prostaglandina E1, vasodilatadores sistêmicos não seletivos como nitroprussiato de sódio e/ou inalatório pulmonar seletivo como óxido nítrico. Em casos extremos de falência ventricular está indicada a oxigenação extracorpórea (ECMO), porém, esta técnica requer anticoagulação, o que implica em aumento do risco de sangramento . A disfunção ventricular direita por hipertensão pulmonar ocorreu em 20% de nossos casos, com melhora após vasodilatadores não seletivos, como o nitroprussiato de sódio.

As drogas vasoativas de escolha foram cronotrópicas, como isoproterenol em baixas doses, uma vez que o coração é denervado; inotrópicas como dobutamina, dopamina, amnrinone, sendo que a epinefrina e norepinefrina foram indicadas, somente em casos de acentuado baixo débito. O emprego de inotrópicos foi, em geral, por período curto de tempo, principalmente em crianças maiores que seis meses. A epinefrina e noradrenalina foram utilizadas apenas em um caso, pelo baixo débito em decorrência de fístulas arteriovenosas pulmonares, após cirurgia de Blalock-Taussig, em criança portadora de atresia pulmonar com sinusóides, submetida a este procedimento paliativo no período neonatal . Estas fístulas observadas no PO imediato, através da angiografia pulmonar, foram embolizadas, melhorando, assim, o baixo débito, possibilitando a retirada lenta e progressiva das drogas vasoativas.

O "desmame" do suporte ventilatório e retirada do tubo foram cogitados a partir da estabilização hemodinâmica, minimizando as infecções pulmonares e permitindo a administração por via oral das drogas imunossupressoras, o que de fato ocorreu nestes pacientes. Esta mesma atitude de desmame ventilatório precoce tem sido optado em outros centros .

Do ponto de vista infeccioso, na nossa experiência, as medidas profiláticas tomadas, como o isolamento reverso, imunoglobulina humana e cefazoline até retirada dos drenos, não foram suficientes para evitar uma incidência elevada de eventos infecciosos (4,5 eventos/paciente). No entanto, estes quadros puderam ser controlados com a medicação específica.

O ganciclovir profilático foi utilizado apenas quando o receptor apresentava sorologia negativa para o citomegalovírus e o doador conversão sorológica. O mesmo acontecendo com a toxoplasmose, quando o receptor apresentou sorologia negativa e o doador títulos de conversão sorológica, o esquema profilático foi com pirimetamina.

Nesta casuística o número de pacientes que necessitou de profilaxia para CMV e toxoplasmose foi 20% e 30%, respectivamente, e os casos que apresentaram soroconversão foram 30% e 40%. A evolução foi satisfatória em ambos os casos. É importante salientar que tanto o citomegalovírus como a toxoplasmose acarretam infecções graves se não diagnosticadas e tratadas precocemente, podendo levar a criança a óbito.

Quanto aos protocolos de imunossupressão na literatura existem diversos esquemas empregados, desde monoterapia até triplos (ciclosporina, azatioprina e corticóide). A ciclosporina constitui-se na droga clássica principal, atuando na inibição da proliferação de linfócitos T, sendo que o nível sérico pode ser controlado através de vários métodos, como radioimunoensaio, ou através da fluorescência indireta. O método optado foi o radioimunoensaio por dosar, preferencialmente, a ciclosporina sérica e não os metabólitos. Na nossa experiência, tivemos problemas com a administração oral da ciclosporina em dois casos, um paciente necessitou de altas dose da medicação e, o outro, a administração da ciclosporina endovenosa por via oral para atingir os níveis séricos preconizados.

A azatioprina, a 2ª droga imunossupressora que atua bloqueando a proliferação de linfócitos, é convertida a mercaptopurina que inibe a síntese e utilização de precursores de RNA e DNA, podendo ser administrada por via oral ou endovenosa. O seu principal efeito colateral é hematológico, onde a leucopenia <4.000 leucócitos contra-indica sua continuidade, o que de fato foi uma complicação freqüente na nossa experiência, obrigando sua suspensão temporária.

A profilaxia da rejeição iniciou-se no PO imediato com as duas drogas citadas, utilizando-se paralelamente metilprednisolona e linfoglobulina. Há grupos que utilizam a corticoterapia como parte do esquema de imunossupressão de base, por tempo indeterminado, no entanto, há controvérsias, principalmente, no que diz respeito ao aumento do risco de processos infecciosos e em distúrbios de crescimento, por fechamento precoce dos núcleos de ossificação. Nestas crianças, a imunossupressão de base consistiu em esquema duplo: ciclosporina e azatioprina.

As linfoglobulinas foram utilizadas na profilaxia, logo no PO imediato quando não houve presença de efeitos colaterais, como plaquetopenia e coagulopatia. Chinnock e col, em estudo comparativo entre grupo de crianças que utilizou a linfoglobulina de coelho como profilaxia nos primeiros cinco dias e grupo controle, mostraram uma diminuição no número de rejeições, aparecimento tardio do primeiro episódio de rejeição aguda no grupo que recebeu a profilaxia quando comparado com o controle 7. Na nossa casuística, a rejeição aguda ocorreu principalmente nos primeiros quatro meses de transplante, sendo seu diagnóstico precoce e tratamento essenciais para a boa evolução.

Os principais sinais clínicos observados nos pacientes estudados foram desde alterações do ritmo cardíaco de base (aumento da FC, arritmias, bradicardia, presença de 3ª bulha), sinais de insuficiência cardíaca e sinais inespecíficos (irritabilidade, anorexia, alteração de humor). No ECG notou-se queda do somatório das voltagens do QRS 20%. No ECO-Doppler foram avaliados a função ventricular, o diâmetro das cavidades, a medida da espessura do septo e parede posterior, presença de insuficiência das valvas atrioventriculares e derrame pericárdio.

A cintilografia com gálio 67 na rejeição aguda publicada em nosso meio por Meneguetti e col, foi realizada periodicamente no PO e auxiliou em muito no diagnóstico de rejeição 12. A biopsia endomiocárdica, apesar de fornecer o diagnóstico de certeza, apresenta riscos, daí ter sido indicada apenas quando houve positividade da cintilografia com gálio, nos casos de diagnóstico diferencial com processos infecciosos miocárdicos, como citomegalovírus e toxoplasmose.

O tratamento da rejeição aguda dependeu do quadro hemodinâmico da criança. A pulsoterapia isolada foi utilizada em 100% dos casos e sua associação com linfoglobulinas foi em 28%. O controle da rejeição foi possível em 91% dos casos, sendo que houve um óbito por rejeição aguda moderada no 1º caso operado, apesar do tratamento com pulsoterapia ter sido iniciado há dois dias.

A linfoglobulina de escolha quando necessário foi a de cavalo (atgam), sendo o aumento da dose controlado através do número de linfócitos T ao nível de sangue periférico, pela citometria de fluxo. O emprego de linfoglobulina de coelho ocorreu, quando não houve resposta na utilização do atgam, observada através do quadro clínico, parâmetros eletrocardiográficos e ecocardiográficos, bem como ausência de queda adequada do número de linfócitos em nível de sangue periférico.

A criança transplantada necessita de ser acompanhada ambulatorialmente após a alta hospitalar, no sentido de prevenção e tratamento de potenciais complicações. As principais complicações descritas, ao longo da evolução, na literatura são a rejeição aguda, processos infecciosos, HAS, coronariopatia, insuficiência renal e doença linfoproliferativa. Nesta casuística, as principais complicações foram além da rejeição aguda, os processos infecciosos e HAS, sendo que esta última foi comum no PO imediato, controlada através de vasodilatadores, como nitroprussiato de sódio, apresoline, nifedipina e captopril. Esta complicação ocorreu em 100% destes casos e apresentou boa evolução que culminou com suspensão da medicação após os primeiros três meses.

Quanto aos processos infecciosos, os pulmonares foram os mais freqüentes, tanto no PO imediato quanto no tardio, sendo que as bacteremias primárias foram a segunda causa. Os agentes oportunistas mais freqüentes foram citomegalovírus, toxoplasmose, tuberculose. A coronariopatia, insuficiência renal e doença linfoproliferativa não foram observadas nestes pacientes.

Através deste estudo acreditamos que o transplante cardíaco apresente resultados mediatos favoráveis, embora seja importante salientar que um período maior de evolução clínica, obviamente, é necessário para que se possa aceitá-lo, como mais uma opção terapêutica, com mais segurança e melhores perspectivas.

 

de rejeição podem desencadear efeitos indesejáveis, tais como predisposição a infecções, influência no aparecimento de neoplasias e alterações no metabolismo, em especial o lipídico.

A doença coronariana do enxerto apresenta incidência elevada a partir do 2º ano após o transplante e é a principal complicação tardia que determina o óbito. Mecanismos imunológicos e não imunológicos têm sido relacionados com o aparecimento da doença, porém a influência de fatores, tais como hipertensão e dislipidemia, decorrentes da utilização da medicação imunossupressora tem sido proposta.

A presente investigação teve como objetivo estudar a incidência de distúrbios lipídicos após a realização de transplante cardíaco ortotópico e seu comportamento ao longo de 3 anos, em pacientes que não receberam tratamento farmacológico específico para dislipidemia.

A despeito do aprimoramento da técnica cirúrgica, do melhor conhecimento de circunstâncias de natureza imunitária, do emprego de novos fármacos com finalidades terapêutica ou profilática e da utilização de mais aprimorados recursos diagnósticos, a infecção permanece como uma das principais causas de complicações, como também de óbitos, especialmente nos primeiros meses posteriores ao transplante (Tx) cardíaco.

Nesse contexto, a freqüência e a intensidade do processo infeccioso estão diretamente relacionadas ao grau de imunodepressão necessária para prevenir ou tratar os episódios de rejeição, reduzidos com a introdução da ciclosporina, possibilitando, conseqüentemente, o uso de doses menores de corticosteróides e de outros medicamentos, para diminuir o número e a gravidade desse problema superveniente 1-3.

O objetivo desta comunicação é analisar as ocorrências, os agentes etiológicos e a apresentação das infecções bacterianas em grupo de pacientes submetidos a Tx cardíaco.

Entre as infecções bacterianas constatamos: pneumonia (49); de corrente sangüínea sem foco determinado (9); sinusite (4); otite média (1). Nas tabelas de I a VI encontram-se anotadas as outras infecções bacterianas, com as respectivas topografias.

Oito (8%) pacientes apresentaram quadro clínico-laboratorial compatível com o diagnóstico de sepse.

Seis (75%) evoluíram para choque séptico, refratário em dois, com insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas, seguida de óbitos.

Endocardite bacteriana pôde ser reconhecida em 5 (5%) doentes, 3 (60%) dos quais faleceram. Identificamos fatores e procedimentos de risco precedentes em 4 (80%) receptores. O Enterococcus faecalis foi o agente identificado em dois, o Staphylococcus aureus em um e o Acinetobacter calcoaceticus em outro; quanto a um outro, não houve isolamento do microrganismo causador.

Etiologia e topografia das infecções bacterianas de ferida operatória

TOPOGRAFIA

AGENTE

N.º DE EPISÓDIOS

Superficial

Escherichia coli

1

 

Enterobacter sp

1

 

Staphylococcus epidermidis

1

 

Staphylococcus aureus e Acinetobacter calcoacetius

1

 

Sem etiologia determinada

1

Profunda

Staphylococcus aureus

3

(mediastinite/

Staphylococcus epidermidis

2

osteomielite)

Sem etiologia determinada

1

Os 68% de infecções, no 1º mês após o Tx, de acordo com o deduzido, tiveram origem hospitalar, e as demais constituíram-se reativações de acometimentos previamente adquiridos. Isso não traduz algo especial e há quem atribua comprovações dessa ordem à influência de condições dos ambientes nos quais os procedimentos cirúrgicos foram realizados.

Etiologia das infecções bacterianas de pericárdio, pleura e loja do marcapasso

TOPOGRAFIA

AGENTE

N.º DE EPISÓDIOS

Pericárdio

Staphylococcus epidermidis

1

 

Sem etiologia determinada

1

Pleura

Staphylococcus epidermidis

1

 

Staphylococcus aureus

1

Loja de marcapasso

Staphylococcus epidermidis

1

 

Staphylococcus aureus

1

 

Etiologia das infecções bacterianas de vias urinárias e uretra

AGENTE

N.º DE EPISÓDIOS

Escherichia coli

6

Pseudomonas aeruginosa

4

Enterobacter sp

2

Escherichia coli e Enterobacter sp.

2

Vias urinárias Escherichia faecalis

1

Staphylococcus aureus

1

Klebsiella pneumoniae

1

Staphylococcus epidermidis

1

Enterobacter sp e Klebsiella pneumoniae

1

Enterobacter coli e Enterobacter faecalis

1

Proteus mirabilis

1

Citrobacter freundii

1

Escherichia faecalis

1

Sem etiologia determinada

4

Enterocancter sp.

1

Serratia marcescens

1

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T & D® - MEDICINA

ANO I, NÚMERO 1

JORNAL MÉDICO TÉCNICO

DEZEMBRO 1998

PERIODICIDADE: BIMESTRAL

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA À CLASSE MÉDICA DE MINAS GERAIS

PÁGINA 09, 12-13

 

 

TRANSPLANTE DE CORAÇÃO-INFECÇÕES

 

As infecções pulmonares bacterianas afiguraram-se responsáveis pelo maior número de complicações infecciosas, correspondendo a 49 casos. Relatos anteriores consignaram resultados semelhantes e sugeriram que os fatores de risco envolvidos no desencadeamento não diferem dos encontrados em outros tipos de cirurgias cardiovasculares e destacaram, como mais freqüentes, a intubação orotraqueal prolongada, a circulação extracorpórea ou sangramento prolongado e a depressão da função pulmonar vinculada à insuficiência cardíaca congestiva crônica.

Devem ser ressaltadas as dificuldades concernentes ao diagnóstico de processo infeccioso pulmonar em fase pós-cirurgia cardíaca e, em especial, depois do Tx de coração. Febre associada a infiltrado intersticial pulmonar pode significar rejeição, embolia pulmonar é confundível com pneumonia de etiologia bacteriana e edema de pulmão, por vezes, simula broncopneumonia, por exemplo. Essa problemática já foi adequadamente percebida, com menção à circunstância de que entraves expressivos têm lugar quando tentada a definição etiológica das pneumopatias .

A propósito das infecções do trato urinário, predominaram as bacterianas, provavelmente pela necessidade de manter a cateterização uretral no pós-operatório imediato. As bactérias entéricas gram-negativas, Enterococcus e Pseudomonas aeruginosa estiveram mais prevalecentes, semelhantes à verificação antes relatada.

Com relação às infecções de ferida operatória superficial, apuramos taxa (10%) elevada, em especial se compararmos com a observada entre os submetidos à cirurgia cardíaca, em geral, no Instituto do Coração (3,6%). Discrepância ainda maior ocorreu quanto às de ferida profunda, e isso é comprovado pelas porcentagens, respectivamente, de 5% a 0,7%. Explicação provável tem nexo com o estado de imunodepressão permanente, no qual encontra-se o transplantado, visto que os cuidados técnicos, nas diversas modalidades cirúrgicas, tiveram similitudes. Dos comprometimentos superficiais participaram bactérias gram-negativas e positivas, enquanto que nos profundos predominaram os estafilococos.

A infecção de ferida e mormente da profunda, em várias ocasiões figurou como o foco inicial de complicação comprometimentos superficiais participaram bactérias gram-negativas e positivas, enquanto que nos profundos predominaram os estafilococos.

A infecção de ferida e mormente da profunda, em várias ocasiões figurou como o foco inicial de complicação grave, tanto à distância, por via hematogênica, culminando em bacteremia e sepse, como em área contígua, atingindo pericárdio e pleura.

Comprovamos 11 eventos de bacteremias secundárias a abscessos, infecções de vias urinárias ou broncopneumonias; dois evoluíram para choque séptico, com insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas, disso advindo óbito, apesar da adoção imediata de medidas terapêuticas pertinentes.

As infecções de corrente sangüínea sem origem determinada evoluíram favoravelmente após a adoção de antimicrobianoterapia empírica de amplo espectro, a despeito dos embaraços ligados à diferenciação com outros acometimentos.

As pericardites purulentas, os empiemas de pleura e as infecções de loja do marcapasso completaram o conjunto de complicações que acompanharam ou deram origem aos diferentes distúrbios infecciosos de etiologia bacteriana.

Endocardite infecciosa, pelo número de enfermos envolvidos e, principalmente, pela quantidade de mortes correlatas, superior à encontrada em outras situações, participou de maneira proeminente da casuística.

O período pós-operatório inicial é crítico, pois nos 30 dias ulteriores a ele as infecções bacterianas surgem com maior freqüência, podendo causar óbitos quando assumem gravidade. Igual comentário cabe quanto às fases nas quais são tratados os episódios de rejeições.

Diagnóstico precoce do comprometimento bacteriano e a rápida adoção de medidas coercitivas têm a capacidade de evitar, conforme verificamos, que determinado evento torne-se grave, com a possibilidade de motivar a morte. No Brasil, até 1980 foram feitos cerca de 30 transplantes, com resultados péssimos: apenas um doente sobreviveu 11 meses" reconhece Stolf. O crescente desenvolvimento das técnicas cirúrgicas e, sobretudo, o advento de melhores drogas contra a rejeição a partir dos anos 80 mudaram esse panorama.

Recentemente, a equipe de Noedir Stolf realizou, pela primeira vez no mundo, uma nova cirurgia cardíaca denominada ventriculomioplastia dinâmica redutora, como alternativa os transplantes de coração. Trata-se da associação de outras duas técnicas cirúrgicas: a ventriculectomia – retirada de uma porção da parede do ventrículo esquerdo desenvolvida pelo cardiologista paraense Randas Batista para melhorar a função da câmara cardíaca, e a cardiomioplastia, que é o envolvimento do coração com um músculo do dorso, com o objetivo de dar mais força de contração ao órgão. É mais uma esperança para quem espera na fila. Porém o Dr. Stolf pede cautela: "É uma operação de grande risco, que está em fase de avaliação."

ESTUDOS CLINICOS

No período compreendido entre março/85 e março/91 foram estudados 33 pacientes submetidos a transplante cardíaco, com idades que variaram de 35 a 50 anos, sendo 28 do sexo masculino e cinco do feminino.

A indicação de transplante foi:

. miocardiopatia dilatada idiopática em 14 pacientes,

. isquêmica em 11,

. chagásica em cinco,

. reumática em dois,

. hipertensiva em um.. Apenas um paciente apresentava antecedente prévio de hipercolesterolemia.

Após o transplante, os pacientes seguiram a rotina do protocolo de transplante cardíaco do INCOR. MEDICAÇÃO

A medicação imunodepressora de manutenção utilizada foi:

MEDICAÇÃO MG/KG/DIA

ciclosporina (4 a 6mg/kg/dia objetivando atingir nível sérico de 150 a 300ng/mL)

prednisona (0,15mg/kg/dia)

azatioprina (1,5 a 3mg/kg/dia)

Outras medicações incluíram, quando necessários, o uso de anti-hipertensivos (bloqueadores de canais de cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina, vasodilatadores, vasodilatores de ação central e diuréticos), antibióticos, benzonidazol, ranitidina, antiácidos e ácido acetil salicílico. Os pacientes foram orientados pelo serviço de nutrição de nossa Instituição para dieta pobre em colesterol e triglicérides, bem como a prática de exercícios físicos regulares. Medicações orais para redução dos níveis de lípides não foram utilizadas pelos pacientes. Doze pacientes evoluíram a óbito (seis por causas infecciosas, três por causas vasculares, dois por rejeição e um por hemorragia digestiva baixa) e dois doentes perderam seguimento.

As determinações do perfil lipídico foram realizadas no soro total através da coleta de amostras de sangue um mês, seis meses, um ano, dois anos e três anos após a realização do transplante cardíaco, estando os pacientes em jejum por período superior a 12h. O número de pacientes estudados respectivamente nestes períodos foram 33, 32, 26, 22 e 19.

Foram consideradas prospectivamente as doenças causadas por bactérias, diagnosticadas em 100 pacientes consecutivos, submetidos a Tx cardíaco, no períodos de março/85 a setembro/92.

O período de seguimento foi de 3 a 90 (média 25,38±25,97) meses. Eram do sexo masculino 83 (83%) pacientes e a idade variou de 3 a 66 (média 44,16±12,50) anos.

As etiologias das cardiopatias que motivaram a realização do Tx foram: idiopática 47 (47%); isquêmica 34 (34%); doença de Chagas 13 (13%); valvar 6 (6%).

A antibioticoterapia dependeu da rotina adotada e correspondeu a dois esquemas: pacientes de números 1 a 73 - cefoxitina e oxacilina; de 74 a 100 - cefuroxima. O início sempre coincidiu com a indução anestésica, durando 48h a conduta preventiva.

Não foram incluídas no esquema profilático drogas antifúngicas e antivíricas de emprego tópico ou sistêmico.

Os protocolos de imunodepressão adotados ficaram alterados segundo a experiência adquirida e de acordo com as tendências do centros que realizam Tx cardíaco no mundo.

Em 66 (66%) doentes, corticosteróides, azatioprina e ciclosporina constituíram os imunodepressores; quanto aos demais 34 (34%) houve adição da globulina antilinfocítica.

As rejeições reconhecidas através de biopsias endomiocárdicas e subseqüentes exames histológicos, efetuados semanalmente na fase de hospitalização, mas em intervalos maiores após a alta, motivaram administração de metilprednisolona ou aumento da dose de prednisona.

O diagnóstico das infecções bacterianas levou em conta os critérios aceitos pelo Serviço de Epidemiologia e Desenvolvimento de Qualidade do Instituto do Coração, baseados nas definições estabelecidas pelos Centers for Disease Control 4.

O método laboratorial utilizado para determinação das concentrações plasmáticas de colesterol total foi o calorimétrico-enzimático, para triglicérides o enzimático e para o HDL-colesterol, VLDL-colesterol, LDL-colesterol a técnica de separação com cloreto de magnésio e ácido fosfotungstico seguido do enzimático (Böehringer-Ingelheim, Brasil). O LDL-colesterol foi calculado pela fórmula de Friedewald [LDL= colesterol total- (HDL + triglicérides/5)] para valores de triglicérides até 400.

Os valores foram expressos em médias e desvios padrão dos valores pertencentes a cada amostra e a análise estatística foi determinada por teste T pareado e análise de variância comparando-se as amostras entre si e considerando como significantes valores de p até 0,05.

RESULTADOS

Os dados obtidos da análise do perfil lipídico dos pacientes encontram-se na tabela I. Pode-se observar um aumento nos níveis de colesterol total, LDL-colesterol, VLDL-colesterol e triglicérides, enquanto os níveis de HDL-colesterol não sofreram alterações significativas (fig. 1). Observou-se também que o aumento se dá de forma progressiva em função do tempo após o transplante.

Os níveis de colesterol total elevaram-se tornando-se significativos em relação à 1ª amostra a partir da 4ª amostra (p<0,03), equivalente ao 2º ano após o transplante e mantiveram-se elevados ao fim do 3º ano (p<0,001). O aumento dos níveis de VLDL-colesterol tornou-se significativo a partir da 3ª amostra (p=0,01), equivalente ao 1º ano de transplante e também manteve-se significativamente elevados ao fim de três anos após o transplante (p=0,01). Os níveis de triglicérides aumentaram a partir da 3ª amostra (p=0,05) e mantiveram-se após três anos do transplante (p=0,001). No entanto, os níveis de LDL-colesterol , embora

com evolução crescente, tornam-se significativos apenas a partir da 5ª amostra (p=0,03), equivalente ao 3º ano de transplante. Os níveis de HDL-colesterol não apresentaram alterações significativas.

 

Perfil lipídico após o transplante cardíaco

1º mês 6º mês 1º ano 2º ano 3º ano

Colesterol 215±53 229±57 239±53 250±53 278±63

HDL-c 44±15 41±12 41±12 45±14 45±15

VLDL-c 35±15 37±14 43±14 42±15 45±17

LDL-c 137±46 152±48 156±45 164±43 180±58

Triglicérides 169±75 188±75 216±70 218±89 255±103

 

Dosagens em mg/dl, c = colesterol

 

Níveis de HDL-colesterol (HDL-c), triglicérides e a proporção (valores incluídos na figura) entre LDL-colesterol (LDL-c) e HDL-colesterol (HDL-c).

Precocemente após o transplante cardíaco (1º mês) os níveis médios de colesterol total (em mg/dl) foram de 215±53 (57,6% dos pacientes com dosagem 200) e ao fim do 3º ano a média foi de 278±63 (94,7% dos pacientes com nível 200) com um aumento de 28,9% entre os valores médios. Para o LDL-colesterol (mg/dl) a média do 1º mês foi de 137±46 (42,4% dos pacientes com dosagem 130) e após três anos a média foi de 180±58 (84,2% com nível 130), notando-se aumento de 31,5% entre os valores médios. O valor do VLDL-colesterol (em mg/dl) no 1º mês foi de 34±15 (18,1% com nível 40) e após 3 anos a média foi de 45±17 (47,4% dos pacientes com valor 40) o que significou aumento de 31,2% entre os valores médios. Para os triglicérides (em mg/dl) a média do 1º mês foi de 168±74 (18,1% dos pacientes com valor 200) e ao fim de três anos o valor médio foi de 254±103 (57,8% dos pacientes com valor 200) correspondendo a um aumento de 50,8% em relação ao primeiro valor.

Observa-se que a relação LDL-c/HDL-c elevou-se nos primeiros meses e depois manteve-se estável até os 36 meses de evolução, em contraste com a não modificação do HDL-c e elevação progressiva do triglicérides.

As alterações do perfil lipídico são comuns nos pacientes submetidos a transplante cardíaco 3,4. Nossos resultados demonstraram que ocorre elevação nos níveis séricos de colesterol total, LDL-colesterol, VLDL-colesterol e triglicérides nos pacientes submetidos a transplante cardíaco e sem tratamento medicamentoso específico para hipercolesterolemia. Esta elevação ocorreu de forma progressiva durante os 3 anos de estudo.

As alterações do perfil lipídico podem ser devidas à melhoria do estado geral, da alimentação 5,6, da perfusão gastrointestinal com conseqüente melhor absorção de alimentos 5, ganho de peso após o transplante 5-7, o uso de medicações anti-hipertensivas (diuréticos, tiazídicos, furosemida e betabloqueadores) 8 e principalmente a terapia imunossupressora, especialmente os corticosteróides e a ciclosporina. A azatioprina não parece ter influência sobre o perfil lipídico. Os corticosteróides geralmente são implicados na hipercolesterolemia 6,7, através de mecanismos não completamente estabelecidos (resistência insulínica e hiperinsulinemia, inibição da captação de LDL-colesterol ou redução do catabolismo de VLDL-colesterol por redução da atividade da lipase lipoprotéica) 9. A ciclosporina também pode contribuir para a hipercolesterolemia 5,10 embora os mecanismos também não sejam completamente elucidados. Admite-se que alterações na membrana celular

A elevação progressiva dos níveis lipídicos (exceto HDL-colesterol) observada ao longo dos três anos de estudo foi provavelmente em decorrência da associação de fatores que atuariam sinergicamente ou até mesmo de forma acumulativa possam resultar na diminuição do clareamento de LDL-colesterol pelos hepatócitos 6. (efeito da ciclosporina sobre os receptores de LDL localizados nos hepatócitos ou redução da atividade da lipase lipoprotéica 11. Esta característica de aumento progressivo nos três anos não havia sido previamente estudada, sendo que os trabalhos publicados têm descrito a progressão apenas nos primeiros três meses 4. Este fato pode apresentar implicações terapêuticas e prognósticas em relação aos valores e a possível correlação com doença coronariana.

A hipercolesterolemia é considerada como fator de risco para a aterosclerose coronariana 12,13. No entanto, embora a doença coronariana seja uma complicação comum em indivíduos submetidos a transplante cardíaco, especialmente após o 2º ano, o papel do aumento dos níveis de lípides não está bem definido. No desenvolvimento da doença coronariana do enxerto admite-se que haja importante participação de fenômenos imunológicos ou talvez infecciosos 14,15, associado a dislipidemia 16-18 e níveis de lipoproteína A 19. A associação entre os fatores responderia por esta grande incidência de doença coronariana nos pacientes após transplante cardíaco 20 que, por sua vez, é uma importante causa de morbidade e a principal da mortalidade tardia. Partindo-se deste princípio, postulamos que o controle dos níveis de lípides possa atuar favoravelmente frente ao desenvolvimento de doença coronariana, quer seja através de dieta e atividade física ou por associação com tratamento farmacológico, como a lovastatina 20 ou a simvastatina tentando melhorar metabolicamente o paciente 21.

Recentemente, utilizando-se do ultra-som intracoronariano, demonstrou-se que já existem alterações precoces da espessura da íntima na ausência de doença coronariana e este aumento de espessura apresentou relação inversa com o HDL-colesterol e direta com o nível de triglicérides e proporção LDL-colesterol/HDL-colesterol 22. Nossos resultados mostraram o caráter progressivo do aumento do triglicérides em contraste com o aumento inicial do LDL-c/HDL-c e estabilidade do HDL-c.

Concluindo, os níveis de colesterol total, LDL-colesterol, VLDL-colesterol e triglicérides apresentam aumento progressivo após a realização de transplante cardíaco, provavelmente em virtude de alterações fisiológicas e metabólicas desencadeadas por drogas imunodepressoras e da melhora clínica do paciente. Este aspecto deve receber atenção do clínico na profilaxia da doença coronariana do enxerto nesses pacientes.

O risco mais imediato dos transplantes é a rejeição, situação em que o sistema imunológico reconhece o órgão transplantado como um corpo estranho e procura destruí-lo. Essa reação do organismo ocorre na maioria dos casos e pode ser facilmente controlada quanto maior for a compatibilidade entre doador e receptor. Em primeiro lugar, eles devem ter o mesmo tipo sanguíneo, ou seja, os mesmos fatores RH ou ABO, a maior semelhança possível em relação ao sistema genético HLA (Human Leucocity Antigen), ou, antígenos leucocitários humanos. Segundo o médico Luiz Fernando Jobim, chefe da Unidade de Imunologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, o sistema HLA compreende mais de 100 genes, os quais são responsáveis pela presença de antígenos HLA do filho. Assim, a mãe e o pai apresentam metade dos marcadores do filho. Entre irmãos, 25% são HLA idênticos, 25% diferentes e 50% parcialmente idênticos. INCOR/SP

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TRANSPLANTE DE CORAÇÃO EM ADULTOS

  

A dilatação do coração conhecida como cardiomiopatia é responsável por mais de 50% dos casos que requerem transplante. Enfarto e obstruções da coronária, doença de Chagas e anomalias nas válvulas cardíacas são outras causas importantes. Quando entram para a fila do transplante, os portadores dessas doenças já não têm muito tempo de vida: a expectativa é de cerca de um ano.

Paradoxalmente os doadores de coração eram pessoas que, antes de sofrer uma morte traumática, tinham saúde exemplar, com boas condições circulatórias e nenhuma doença infecto-contagiosa. O limite de idade para o doador é, geralmente, 45 anos, por causa do estado das coronárias. Após a constatação da morte cerebral, começa o desafio ao relógio: o coração deve ser retirado num prazo máximo de 24 horas e colocado no receptor em mais 3 ou 4 horas. Segundo o cardiologista Noedir Stolf, Diretor da Divisão cirúrgica do Instituto do Coração de São Paulo, as chances de sobrevivência após o transplante são, hoje, bastante animadoras: 75% ao final de um ano, 65% ao final de três anos, 55% ao final de cinco anos. É um considerável avanço desde a primeira cirurgia realizada pelo cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini, em 1968. João Boiadeiro, como ficou conhecido o paciente, sobreviveu 20 dias. Dois mais do que o paciente do sul-africano Christian Barnard, que, um ano antes, inaugurava o transplante de coração em todo o mundo.

‘No Brasil, até 1980 foram feitos cerca de 30 transplantes, com resultados péssimos: apenas um doente sobreviveu 11 meses" reconhece Stolf.

O crescente desenvolvimento das técnicas cirúrgicas e, sobretudo, o advento de melhores drogas contra a rejeição a partir dos anos 80 mudaram esse panorama.

Recentemente, a equipe de Noedir Stolf realizou, pela primeira vez no mundo, uma nova cirurgia cardíaca denominada ventriculomioplastia dinâmica redutora, como alternativa os transplantes de coração. Trata-se da associação de outras duas técnicas cirúrgicas: a ventriculectomia – retirada de uma porção da parede do ventrículo esquerdo desenvolvida pelo cardiologista paraense Randas Batista para melhorar a função da câmara cardíaca, e a cardiomioplastia, que é o envolvimento do coração com um músculo do dorso, com o objetivo de dar mais força de contração ao órgão. É mais uma esperança para quem espera na fila. Porém o Dr. Stolf pede cautela: "É uma operação de grande risco, que está em fase de avaliação."

Paradoxalmente os doadores de coração eram pessoas que, antes de sofrer uma morte traumática, tinham saúde exemplar, com boas condições circulatórias e nenhuma doença infecto-contagiosa. O limite de idade para o doador é, geralmente, 45 anos, por causa do estado das coronárias. Após a constatação da morte cerebral, começa o desafio ao relógio: o coração deve ser retirado num prazo máximo de 24 horas e colocado no receptor em mais 3 ou 4 horas

Segundo o cardiologista Noedir Stolf, Diretor da Divisão cirúrgica do Instituto do Coração de São Paulo, as chances de sobrevivência após o transplante são, hoje, bastante animadoras: 75% ao final de um ano, 65% ao final de três anos, 55% ao final de cinco anos.

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FÍGADO DIVIDIDO AO MEIO.

ESPERANÇA PARA QUEM NÃO PODE MAIS FICAR NA FILA

 

Este órgão do aparelho digestivo, responsável pela produção da bile, substância fundamental para a síntese de gorduras pelo organismo, também armazena glicogênio, a reserva de energia do corpo, e produz compostos necessários à coagulação do sangue, causou-lhe, na primeira tentativa de transplante uma rejeição imediata. Pelo quadro de urgência seu caso foi considerado prioritário e ele recebeu outro órgão, desta vez, com sucesso.

Uma hepatite fulminante pode matar num prazo de três a quatro semanas. Segundo o hepatologista Paulo Chap Chap, do Hospital Sírio Libanês cerca de 80% de pacientes transplantados sobrevivem pelo menos cinco anos e 70% ultrapassam os dez anos, contudo nem sempre é possível. Encontrar um órgão compatível em período tão curto.

Para casos de emergência os cirurgiões Paulo Chap Chap e Eduardo Carone procuram aplicar, com sucesso, uma técnica revolucionária: o transplante de fígado intervivos. O procedimento consiste em duas cirurgias: a retirada de uma parte do fígado do doador e posterior transplante no receptor. Esse novo tipo de transplante só é possível por causa de uma qualidade peculiar do fígado: ele é capaz de se regenerar, voltando ao tamanho original em dois ou três meses. Este é o chamado transplante intervivos.

Desde 1990 o Japão já fez mais de 140 transplantes intervivos, 85% deles com sucesso, visto que não aceitam a morte cerebral. Segundo Paulo Chap Chap o Japão é o País que mais desenvolveu esse tipo de transplante, pressionado por questões culturais da sociedade que não aceita a morte cerebral mas espera que o coração pare de bater. Esse costume inviabiliza os transplantes de fígado e coração.

O primeiro transplante de fígado intervivos brasileiro ocorreu entre Naudo Gomes de Oliveira, como doador, e sua filhinha Ilane de apenas dois anos, como receptora. Ilane sofria de atresia das vias biliares, doença congênita que impede a eliminação das secreções produzidas pelo fígado provocando a morte dos tecidos. O quadro da menina era crítico e após várias tentativas em vários hospitais públicos de São Paulo atrás de um órgão para transplante não houve mais tempo... Os médicos optaram por retirar cerca de 25% do fígado de Naudo, numa cirurgia que durou 13 horas, e o implantaram na menina, após mais 15 horas ininterruptas de trabalho. Após a cirurgia é necessário lutar contra a rejeição com o uso de ciclosporina e corticóides, drogas imunossupressoras. A cirurgia é delicada e só deve ser feita em casos de emergência.

Um cirurgião dentista paulista, nos procedimentos normais de um tratamento dentário contraiu o vírus da hepatite B com o sangue de um paciente. A doença evoluiu para uma cirrose destruindo parte de seu fígado. Um cirurgião dentista paulista, nos procedimentos normais de um tratamento dentário contraiu o vírus da hepatite B com o sangue de um paciente. A doença evoluiu para uma cirrose destruindo parte de seu fígado e ameaçando sua vida.

Fila do fígado: 100 a 110 pessoas

Tempo de espera: de seis meses a um ano.

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TRANSPLANTE DE PÂNCREAS E RINS

 

O grupo do professor Guido Cantisani da Santa Casa de Porto Alegre realizam, no Brasil, transplante de pâncreas Desde 1986 foram feitos mais de nove transplantes, sempre combinados – pâncreas e rins.

Essas operações são indicadas a diabéticos de nascença que, em virtude da doença, também desenvolvem uma deficiência renal. O transplante os livra das injeções de insulina.

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TRANSPLANTE DE PULMÃO

  

O cirurgião gaúcho José Camargo foi o primeiro a fazer um transplante com sucesso, na América Latina, na Santa casa de Porto Alegre, em 1989. Segundo Camargo, os transplantes de pulmão são os mais difíceis. Primeiro, porque o pulmão é o único órgão que, depois de transplantado, continua em contato com o meio ambiente (o ar exterior), o que o deixa mais vulnerável a infecções. Além do mais, sofre mais rejeições do que outros órgãos: "O pulmão é provido de um mecanismo imunológico mais sofisticado, por ser uma das sentinelas do organismo", explica Dr. Camargo.

A vida do fundidor de peças, em Minas Gerais, Márcio J. Coelho, mudou. Nos últimos 4 meses, com 59 anos e cinco filhos, esteve preso a uma cama e a um tubo de oxigênio.

Fumante compulsivo por 30 anos sofria de efisema pulmonar em fase terminal e seus médicos não acreditavam que resistisse aos próximos seis a oito meses.

O operário é o segundo paciente a receber um transplante de pulmão em Minas Gerais.

De acordo com o médico Fernando Eloi de Almeida Filho, chefe da equipe de cirurgia torácica do Hospital Felício Rocho o transplante foi um sucesso.

A equipe terá que fazer uma nova cirurgia no paciente. Desta vez uma plástica no pulmão esquerdo. O objetivo da operação, diz o médico, será evitar que o órgão doente prejudique o desempenho do novo pulmão. Das 1.100 cirurgias torácicas realizadas, por ano, no Hospital Felício Rocho, pelo menos 90% estão relacionados a doenças do pulmão provocados pelo ato de fumar.

Cabe ressaltar que o Hospital Felício Rocho é pioneiro na realização do primeiro transplante de pulmão em Minas Gerais. US$ 100.000,00 foram investimentos necessários para o aprimoramento de seus profissionais, aparelhagens e equipamentos, em um período de oito anos.

Ruth Aparecida Benício Pereira, portadora de uma doença rara e de origem ainda desconhecida, a linfangioleiomiomatose pulmonar, que destrói os alvéolos pulmonares onde ocorrem as trocas gasosas que oxigenam o sangue. Tinha apenas dois meses de vida, hoje tem expectativa de sobrevida de 80%.

As doenças pulmonares que predispõem ao transplante são o efisema pulmonar em fase avançada, hipertensão arterial primária, fibrose pulmonar idiopática, a lifangioleiomiomatose e a fibrose cística. Em todos os casos o pulmão deve ser o único órgão doente do organismo do paciente. Caso contrário o transplante não poderá ocorrer.

O custo de um transplante de pulmão gira em torno de R$ 50.000,00.

O Hospital Felício Rocho começou a realizar transplantes em 1973.

É importante lembrar a figura do doador, avaliar todas as condições circulatórias, o coração, a função renal, a função pulmonar e ao estudo bacteriológico do pulmão.

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TRANSPLANTE DE CÓRNEAS

 

Ao contrário do coração e fígado, a córnea – uma película transparente com menos de 1 milímetro de espessura e 12 mm de diâmetro – pode ser extraída do doador depois da parada cardíaca. A princípio qualquer pessoa pode ser um doador, evita-se, apenas, implantar córneas de pessoas com mais de 60 anos de idade.

Segundo o Banco de Olhos de São Paulo, entidade pioneira fundada em 1966 pelo oftalmologista Tadeu Cvintal, o ceratocone, uma deformação da córnea, de origem genética, que faz com que a córnea vá se afunilando para fora, distorcendo a visão, é responsável 50% a 60% dos transplantes de córnea e os distúrbios decorrentes da catarata, acidentes, infecções com a herpes ocular queimaduras estão entre as demais causas.

A córnea pode ser retirada até seis horas depois da morte do doador permanecendo conservada por cerca de duas semanas.

Após transplantado, o paciente, segundo Élcio Sato, oftalmologista do Hospital São Paulo, não precisa tomar imunossupressores por toda a vida visto que o órgão não possui um sistema de vascularização, o organismo praticamente não reconhece a córnea transplantada como corpo estranho e num prazo de três meses já enxerga normalmente.

Fila da córnea: mais de 5.000

Tempo de espera: de um a dois anos.

 

PRÍON, A PROTEÍNA MORTAL

 

Um pesquisador suíço, Charles Weissmann, da Universidade de Zurique, descobre que o príon é capaz de provocar uma doença rara, transmissível por meio de transplante de córnea. O príon é uma proteína transmissível que danifica o cérebro. Batizada de encefalopatia espongiforme, porque faz o cérebro ficar parecido com uma esponja, a doença causada por esta proteína afeta também animais e, há cinco anos, ganhou notoriedade, com o nome de síndrome da vaca louca, ao dizimar rebanho de bovinos na Inglaterra. No homem, tem também os nomes de doença de Creutzfeldt-Jakob e mal de Kuru – uma palavra que significa tremer de pavor, na língua do povo forei, da Papua-Nova Guiné cujos membros se contaminavam ao cumprir determinada tradição. Ela provoca tremores violentos em todo o corpo, cria dificuldades para andar e falar e, finalmente, leva a pessoa à morte .

Em viagem, ao Rio de Janeiro, em 1995, onde participou de um simpósio, Weissmann, anunciou que conseguiu desativar em camundongos o gene que detona a contaminação e abrem-se, desta forma, novas perspectivas para o desenvolvimento de remédios contra esta doença mortal e até hoje incurável A descoberta do suíço é resultado de um longo processo de investigação que começou com a seguinte pergunta: um homem pode causar uma doença em outro com algo produzido pelo seu próprio corpo, sem a ajuda de um dos trilhões de micróbios que vivem no planeta? Como se não bastassem as bactérias, fungos, vírus e protozoários capazes de fazê-lo adoecer, o homem tem que se haver com o príon, normalmente transmitido por um transplante de córnea ou pelo uso de hormônio de crescimento retirado de um cadáver.

N a Papua-Nova Guiné o povo forei cultivava a tradição, hoje abandonada, de comer o cérebro de pais e maridos que morriam. Na década de 50, pesquisadores americanos descreveram uma doença do sistema nervoso central que atacava principalmente as mulheres e crianças daquela tribo. Nenhum outro povo das proximidades tinham aquela doença. As vítimas mostravam tremores incontroláveis no tronco, cabeça, mãos e pés. Com o tempo precisavam apoiar-se num bastão para ficarem de pé. Tinham dificuldades para falar, embora a inteligência continuasse intacta. Cerca de um ano depois dos primeiros sintomas morriam de broncopneumonia. Como a tribo praticava o canibalismo ritual, os pesquisadores logo desconfiaram que se tratava de um mal transmitido pela ingestão do cérebro de cadáveres. A confirmação, porém, só viria em 1966, quando o americano Carleton Gajdusek inoculou em macacos material colhido do cérebro dos doentes. Os animais logo apresentavam os mesmos sintomas.

A essa altura, os cientistas já tinham percebido que os sintomas do mal de Kuru eram semelhantes ao do Scrapie, uma doença de carneiros conhecida na Inglaterra desde o século 18. Os animais tinham tremores e comichões que os faziam esfregar-se loucamente contra qualquer coisa. Desconfiava-se que o Scrapie fosse transmissível, mas não se achava o agente. A doença não provocava reações inflamatórias e não havia formação de anticorpos pelo sistema imunológico. Os testes para a identificação de bactérias e outros microorganismos sempre davam resultados negativos.

O pesquisador Stanley Prusiner começou a estudar o scrapie dos carneiros em busca de explicações. A essa altura, o povo forei não tinha mais a doença, pois abandonara o canibalismo ritual por volta de 1965. Em 1983, Prusiner formulou uma hipótese revolucionária: o agente da doença seria constituído de material protéico, talvez muito semelhante a uma proteína do hospedeiro. Isso explicaria a falta da reação imunológica.

Tratava-se de uma idéia herética para a biologia molecular. O conceito de organismo pressupõe a capacidade de multiplicação e a reprodução exige a presença de ácidos nucléicos, como o DNA e o RNA. Os próprios vírus são entidades complicadas: alguns têm DNA, outros têm RNA, nenhum tem os dois ácidos ao mesmo tempo – para se replicarem, ou se duplicarem, precisam buscar o complemento na célula que infectam. Se o agente infeccioso do Kuru e do Scrapie era uma proteína e portanto desprovido de qualquer ácido nucléico, como poderia funcionar e se replicar? Parte da explicação somente veio em 1985, quando a equipe de Prusiner descobriu a existência de um gene, batizado de Prn-p, diretamente associado à proteína do Scrapie, que se constitui num molécula anormal do organismo. O mesmo gene ativava uma proteína sadia, chamada de PrPSc.

Na mesma época em que o gene era descoberto, uma doença do sistema nervoso central semelhante ao Kuru estava aparecendo nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Nova Zelândia. Suas vítimas eram pessoa que, na infância, haviam sido tratadas com hormônio do crescimento retirados de cadáveres ou tinham recebido transplante de córnea. Cerca de 40 casos foram registrados na década de 80. Em 1990, nova surpresa. Os criadores ingleses descobriram em algumas de suas vacas os mesmos sintomas das ovelhas atacadas pelo Scrapie. Era a síndrome da vaca louca.

Hoje, a ciência tem algumas certezas e muitas dúvidas sobre o Príon. Uma das certezas é a de que existem duas formas da mesma proteína, uma normal e outra anormal, que causa a doença. Quando uma pessoa ou animal é contaminado pelo Príon, a quantidade de proteína anormal aumenta e a doença aparece. Também já se sabe que o Príon é hereditário. A pessoa herda um gene mutante e, em algum momento da vida, começa a produção da proteína anormal.

Hoje, a ciência tem algumas certezas e muitas dúvidas sobre o Príon. Uma das certezas é a de que existem duas formas da mesma proteína, uma normal e outra anormal, que causa a doença. Quando uma pessoa ou animal é contaminado pelo Príon, a quantidade de proteína anormal aumenta e a doença aparece. Também já se sabe que o Príon é hereditário. A pessoa herda um gene mutante e, em algum momento da vida, começa a produção da proteína anormal.

Há centenas de família com a mutação espalhadas pelo mundo.

Agora o mundo científico é premiado com a descoberta de Weissmann, que "desligou" o gene Prn-p dos ratos. Em seguida injetou-lhes o Príon. Os animais não adoeceram. Depois fez o mesmo com o Prn-p "ligado". Os camundongos ficaram doentes. Para Weissmann, isto é uma indicação de que o Príon converte a proteína normal em anormal e que uma molécula de Príon gera novas moléculas de Príon. Seu objetivo, agora, é juntar as duas proteínas num tubo de ensaio e acompanhar a conversão, coisa que ninguém conseguiu até o momento. "Não tenho dúvidas de que as coisas acontecem assim, mas falta a prova final e é isso que estou procurando", afirma, num português perfeito, aprendido na infância passada no Rio de Janeiro. Sua esperança é abrir, por meio de sua experiência, novas portas para a cura dos males causados pelo Príon. A tarefa é árdua, ele admite, pois um eventual medicamento capaz de combater a proteína teria que ser aplicado diretamente no cérebro. E aí surgirão novos desafios para a ciência.

Terezinha Costa.

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TRANSPLANTES NO HOSPITAL FELÍCIO ROCHO,

EM BELO HORIZONTE - MG

 

Montar uma equipe qualificada através de um período de oito anos de estudos através de cursos realizados, inclusive, no exterior, e diversas cirurgias experimentais, a compra de máquinas e equipamentos, geraram investimentos da ordem de cerca de US$ 100.000,00 por parte do Hospital Felício Rocho, situado em Belo Horizonte - MG.

O Felício Rocho começou a realizar transplantes em 1973, quando foi feito o primeiro transplante de rim em Minas.

Hoje o hospital soma cerca de 821 transplantes de rins, 579 transplantes de córnea, 51 transplantes de coração, 3 transplantes de fígado e 2 de pulmões.

A primeira cirurgia foi a de transplante de pulmão realizada pela equipe, composta, dentre outros, pelos doutores Fernando Elói, Clementino de Mendonça e Agnaldo Eisenberg.

O paciente foi Ruth Aparecida Benício Pereira , de 27 anos, em maio do corrente ano portadora, à época, de linfangioleiomiomatose pulmonar. A linfangioleiomiomatose pulmonar é uma doença rara e de origem ainda desconhecida, destrói os alvéolos pulmonares onde ocorrem as trocas gasosas que oxigenam o sangue.

O transplante proporcionou à Ruth uma sobrevida de 80% no primeiro ano em contrapartida a expectativa de vida de no máximo 2 meses.

R$ 50.000,00 é o curso médio de um transplante de pulmão incluído o pré, peri e pós operatório.

O segundo transplante de pulmão ocorreu em novembro do corrente ano. O beneficiário foi o fundidor de peças em esmeril, com 59 anos de idade, Márcio José Coelho e foi um sucesso. A equipe já planeja, para o próximo ano, os primeiros transplantes bilaterais - os dois pulmões, direito e esquerdo, simultaneamente. As crianças e adolescentes portadores de mucoviscidose, doença, até hoje, sem esperança de cura, serão os grupos visados .

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1 VIDA = 7 NOVAS VIDAS

 

De setembro a novembro a central de transplantes registrou 33 notificações de morte encefálica, mas apenas quatro doações de múltiplos órgãos acabaram autorizados pelos familiares. Porém em novembro último mas um passamento trouxe nova esperança e sobrevida a 25 outros pacientes que aguardavam na fila de transplantes de Belo Horizonte - MG.

RINS

J.L.T, 25, professora, que sofria de insuficiência renal há mais de 1,5 ano, uma conseqüência de uma diabetes avançada.

C.A.B, 51, portador de uma insuficiência renal crônica há quatro anos e que já havia recebido um rim do próprio filho.

 

CORAÇÃO

 

D.A.S.R, 52, mãe de seis filhos. Doente há pelo menos três anos. Operada no Hospital Vera Cruz.

 

PULMÃO

 

M.J.C., 59, fundidor de peças, pai de cinco filhos. Sofria de efisema pulmonar em fase terminal em consequência do tabagismo. Sem o transplante viveria no máximo 8 meses. Pela equipe do Hospital Felício Rocho.

 

FÍGADO

 

A.S.F, 56, residente em Montes Claros - MG. Sofria de cirrose etílica. No Hospital das Clínicas da UFMG

 

CÓRNEAS

C.H.B., 32, residente em Juiz de Fora, na fila há oito meses. Portador de uma doença rara, a degeneração pelúcida, que afila a córnea e até mesmo perfura no Instituto do Olhos de Belo Horizonte.

J.C.F., 38, engenheiro, residente em João Monlevade - MG. Portador de uma doença rara, a degeneração pelúcida, que afila a córnea e até mesmo perfura no Instituto do Olhos de Belo Horizonte.

 

Os demais órgãos também trarão vida a outros pacientes.

 

 

 

 

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TRANSPLANTE DE PELE

 

Indicado para os casos graves de queimadura, os transplantes alógenos ainda não obtiveram sucesso. Segundo o cirurgião plástico Marcus Castro Ferreira, do Hospital das Clínicas da USP, a pele é muito mais imunogênica do que os órgãos. Enquanto não surjam imunossupressores 100% eficientes, uma solução pode ser o trabalho do médico Hiram de Almeida Júnior, do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas – RS. Ele está conseguindo fabricar pele em laboratório, a partir de células do bulbo do cabelo colocadas num meio de cultura.

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TRANSPLANTE DE CABELO

  

Em geral três sessões de transplantes são necessárias variando de paciente para paciente.

Os micro transplantes necessitam de irrigação o que impossibilita a sessão única.

Após o exame clínico são pedidos exames laboratoriais. O paciente deve estar em jejum no dia da cirurgia e tomar todos os medicamentos pré-operatórios.

Com duração de duas a três horas a cirurgia é realizada sob anestesia local. Antes da anestesia local o paciente é sedado para não sentir dor. A anestesia dura cerca de 6 horas. O paciente passa a maior parte do tempo acordado.

Uma tira do coro cabeludo é retirada da maior parte da cabeça que é suturada com um alinhavo. Duas equipes trabalham conjuntamente:

- a primeira fragmenta a tira de couro cabeludo que já foi retirada em pequenos (micro e mini) transplantes contendo as matrizes do cabelo

- a segunda equipe perfura o couro cabeludo e os introduz na zona sem cabelo. As perfurações são indolores e realizadas na frente da cabeça com Laser e atrás da cabeça com lâminas especiais, em forma de filete.

Uma bandagem é colocada após a cirurgia e deve ser retirada após 24 ou 48 horas.

O paciente deve sair acompanhado da clínica e orienta-se ao mesmo:

- não dirigir veículos em hipótese alguma;

- descansar por um período mínimo de 24 horas após o transplante;

- usar um travesseiro alto nas duas primeiras noites;

- evitar bebidas alcoólicas por uma semana;

- uma dieta livre mas moderada;

- As crostas devem cair naturalmente o que ocorre, geralmente, após a primeira semana. Os fios de cabelo transplantadas cairão em 15 dias o que é perfeitamente normal uma vez que o objetivo é o transplante das matrizes que devem ser profundamente colocadas e só saem se houver sangramento ao se retirar, forçadamente, as crostas.

Medicação pós operatória indicadas pelo médico: analgésicos e antibióticos.

Os cabelos começam a crescer, normalmente, após quatro semanas.

Para novos transplantes há um período de espera de seis meses.

Os pontos são retirados com 10 a 12 dias.

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TRANSPLANTE, ATÉ QUANDO?

 

Sean G. McCormack, de Norwood, Massachussetts, USA,

nasceu sem cartilagem, ou osso sob a pele, do lado esquerdo do tórax, uma condição congênita rara conhecida como Síndrome de Poland. A cartilagem do centro de seu esterno se projetava para fora e seu coração estava virtualmente desprotegido - era possível vê-lo pulsar sobre a pele. Os médicos pensavam em implantar uma placa artificial quando ele chegasse aos 21 anos e parasse de crescer. O médico de Sean, quando o menino tinha 12 anos, encaminhou a família para uma equipe de cientistas e cirurgiões do Children’s Hospital em Boston, precursora no desenvolvimento humano de partes do corpo em laboratório.

Os médicos, então, retiraram a cartilagem protuberante de Sean e usaram as células para pulverizar uma armação biodegradável feita de polímero artificial, moldada segundo o formato de seu torso. O Dr. Yilin Cao acrescentou fatores de crescimento às células e "cozinhou" o preparado num biorreator por várias semanas até se desenvolver uma caixa torácica.

"O procedimento era tão experimental que nenhuma companhia de polímeros quis fornecer o material ( produzidos sob a especificação exigida), temendo um processo judicial. Os médicos tiveram de fazer adaptações com o ácido do poliglicólio disponível, normalmente usado para suturar cortes, elevando o risco da operação. Os médicos implantaram a cartilagem desenvolvida por engenharia em Sean. Um ano após o menino tinha um peito de aparência normal capaz de crescer com ele.

Esta é mais do que uma história de interesse humano. É um relance sobre o futuro da medicina, um futuro em que os médicos vão, rotineiramente, encomendar partes vivas, recém-desenvolvidas, do corpo humano quando as existentes não funcionarem. Ou vão estimular a regeneração do organismo.

Depois de cerca de vinte anos de exaustivas investigações dos processos que comandam o crescimento das células, o nascente campo da engenharia de tecidos está pronto para começar a operar em grande escala, e dezenas de companhias emergente estão fabricando produtos comerciais.

Ossos, cartilagens, vasos sanguíneos e pele regenerados ou desenvolvidos em laboratório - bem como o tecido nervosos fetal embrionário - estão sendo testados em seres humanos.

Fígados, pâncreas, seios, coração, orelhas e dedos estão tomando forma em laboratório.

Os cientistas estão, até mesmo, tentado desenvolver tecidos que atuem como dutos de distribuição de medicamentos. As glândulas salivares poderão secretar proteínas anti - fúngicas para combater as infecções da garganta, a pele poderá liberar hormônios de crescimento e os órgãos poderão ser manipulados por engenharia genética de maneira a corrigir as próprias deficiências genéticas do paciente.

A era do organismo biotecnológico está despontando.

A engenharia de tecidos encerra a promessa de que a insuficiência dos órgãos e células envelhecidas não precise mais ser tolerada sinalizando uma profunda revolução da medicina.

Porém, os órgãos desenvolvidos em laboratório ainda estão sujeitos aos danos impostos pela idade. Mas a engenharia de tecidos é, capaz de impedir que a insuficiência dos órgãos ponha prematuramente fim a vida.

O primeiro tecido, uma pele viva, a Apligraf, para o tratamento de ulcerações nas pernas, uma doença comum dos idosos. A fabricante da Apligraf, a Organogenesis Inc., de Canton, Massachusetts, transforma umas poucas células de prepúcio de bebês em grandes metragens quadradas de pele viva que podem ser manipuladas, cortadas no tamanho e enxertadas em qualquer pessoa sem riscos de rejeição ou formação de escaras. A cartilagem para fortalecer a uretra e reparar o joelho é um método de substituir a tíbia. Ambos os processos estão em fase adiantada de testes clínicos.

Nos próximos dez anos, uma verdadeira oficina de peças de reposição vai vencer lentamente a distância entre os laboratórios e os pacientes.

Na Universidade de Massachusetts em Worcester estão desenvolvendo falanges de polegar, em biorreatores, para dois operadores de máquinas que deceparam seus polegares que serão ser reenxertados com acréscimo de fatores de crescimento que vão estimular a regeneração dos nervos e do tendão.

Em Boston uma equipe do Children’s Hospital pretende implantar nos próximos meses uma bexiga desenvolvida a partir de células fetais num ser humano. O laboratório de Atala causou imenso alvoroço na comunidade médica no verão passado, quando seus médicos usaram com sucesso o mesmo procedimento para implantar bexigas novas em dez cordeiros.

Até mesmo a criação dos órgãos mais complexos parece possível, embora ainda deva demorar de cinco a dez anos. Pesquisadores do mundo inteiro reuniram-se em Toronto em junho do corrente ano para fundar a uma iniciativa com dez anos de duração para o desenvolvimento de um coração humano.

Outros tecidos complexos já estão tomando forma.

No Massachusetts Institute of Technology (MIT), estão usando impressoras tridimensionais, desenvolvidas inicialmente para projetos com auxílio de computador, para formar estruturas que são transformadas em fígados do tamanho de camundongos.

Na Universidade de Michigan em Ann Arbor, o engenheiro químico David J Mooney, está dirigindo um programa que visa desenvolver seios artificiais para mulheres que tiveram que extirpar o seio.

Pesquisadores da Suécia e Califórnia conseguiram regenerar nervos em ratos que tiveram a medula espinhal gravemente lesada ou danificada a ponto de conseguirem andar de novo, embora tropegamente.

A engenharia de tecidos atrai cirurgiões, engenheiros, químicos, cientistas de materiais e pesquisadores genéticos.

A maioria dos tecidos criados por engenharia começam por uma armação que se amolda a qualquer formato, feito de um polímero artificial, biodegradável. Pulveriza-se com células vivas e banha-se em fatores de crescimento. As células se multiplicam, preenchendo a estrutura e multiplicando-se até assumirem a forma de um tecido tridimensional. Uma vez implantadas no organismo, as células são suficientemente inteligentes para recriar as funções próprias do tecido a que pertencem. Os vasos sanguíneos aderem ao novo tecido, a estrutura é absorvida, e o tecido cultivado em laboratório acaba ficando indiferenciável em relação aos que o rodeiam.

Dr. Charles Vacanti, pioneiro nesse campo, diz ser impulsionado pela dedicação a seus pacientes. Ele costuma salvar vidas de crianças, por menores que sejam, substituindo o fígado de funcionamento insuficiente e costuma ver outras morrerem por falta de doadores.

"Reconheci, ainda cedo, que o maior problema com que me defrontava como cirurgião era a escassez de órgãos", diz ele. "Dediquei a minha vida profissional `resolução desse problema, Não seria bom se a engenharia de tecidos pudesse fornecer a solução."

Nos Estados Unidos mais de US$ 400 bilhões de dólares são gastos com pacientes que sofrem de insuficiência de algum órgão ou perda de tecido.

Cerca de oito milhões de procedimentos cirúrgicos são executados anualmente para tratar estes distúrbios, mas todos os anos quatro mil pessoas morrem na espera por um transplante de órgão. Outros 100 mil pacientes morrem sem nem sequer ter conseguido entrar na lista de espera.

O mercado total de tecidos manipulados por engenharia e reconstituídos, estima-se, pode chegar a um lucro comercial da ordem de US$ 80 bilhões, transformando-se, desta forma, em uma enorme oportunidade comercial além de humanitária.

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VISÃO

 Cientistas já pesquisam o desenvolvimento de córneas artificiais, a partir de um polímero especial. Outro avanço são os implantes de hidroxiapatita que substituem o globo ocular. O material, uma espécie de biocerâmica permite que os músculos se fixem no implante e lhe dêem uma mobilidade quase natural.

É possível, também, implantar uma lente estética que acompanha os movimentos do globo. O sistema de acoplamento, feito em titânio, já está preparado para receber uma microcâmera e permitir a visão artificial. Segundo os especialistas o desafio agora é desenvolver aparelhos minúsculos para se adaptar ao implante.

 

CORAÇÃO

 Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo o primeiro coração artificial do País. O órgão, do tamanho de uma bola de tênis é feito de um acrílico especial e alimentado por bateria.

Os testes serão realizados em laboratórios da UFMG, em 1999.

Os médicos já podem recorrer a válvulas cardíacas artificiais:

- biológicas: feitas a partir de tecidos animais

- mecânicas: feitas em materiais especiais, como titânio ou carbono pirolítico.

 

MÚSCULOS

 Pesquisadores brasileiros já estudam a estimulação elétrica de nervos de e músculos de pacientes paraplégicos, o que lhes permitiria não só ficar de pé como caminhar com o auxílio de suportes. Os disparos elétricos seriam controlados pela própria pessoa, transferindo aos músculos a ordem para se movimentar. O desafio é descobrir o pulso correto dos "choques" para que o sistema nervoso central possa reconhecê-los como estímulos.

Com a mesma técnica, a mioelétrica, é possível criar esfíncteres artificiais, funcionando como válvulas que beneficiaram pacientes como incontinência urinária ou digestiva.

 

MEMBROS

 Os progressos da eletrônica caminham para o desenvolvimento de próteses ortopédicas cada vez mais sofisticadas controladas por impulsos cerebrais do próprio paciente, decodificados em equipamentos especiais. O objetivo são movimentos mais precisos e harmoniosos, além do conforto. Outro avanço são as próteses internas que substituem até mesmo articulações, como no ombro, joelho e ligação do fêmur com a bacia.

 

OSSOS

 O desenvolvimento de biomateriais que ajudem o próprio organismo a recuperar perdas ósseas - estimulando e até acelerando o processo natural de regeneração. Uma das técnicas desenvolvidas em Minas utiliza a chamada biocerâmica de fosfato de cálcio, a mesma substância que forma a base mineral dos ossos. Implantada no local da perda, a biocerâmica possui poros que interagem com o organismo e permitem a formação de novos vasos sanguíneos na região que alimentam as células da medula óssea, responsáveis pela regeneração podendo evitar a amputação.

T & D® - MEDICINA

ANO I, NÚMERO 1

JORNAL MÉDICO TÉCNICO

DEZEMBRO 1998

PERIODICIDADE: BIMESTRAL

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA À CLASSE MÉDICA DE MINAS GERAIS

PÁGINA 19

 

 

ENTREVISTA COM A SANTA CASA

DE BELO HORIZONTE

O que os senhores pensam sobre a nova lei brasileira de doação presumida de órgãos editada em 16/jan/98 pelo Senado Federal?

É uma lei boa, que atende o paciente em espera do transplante, sendo uma tentativa de aumentar o número de transplantes. Entretanto, na prática isto ainda não aconteceu. Somos de opinião que a lei ideal seria com autorização presumida, associado à concordância da família.

Qual é, atualmente, o tamanho da fila de espera de transplantes, na Santa Casa? Qual a maior demanda de órgãos?

Temos cerca de 100 pacientes na fila de espera para transplante de rins. O número de pacientes para transplantes de córnea é também do mesmo nível. A Santa Casa está se preparando para transplantes de fígado e pulmão.

Qual a situação da Santa Casa no que tange a condição física e de pessoal para realizar o processo de retirada e transplante de órgãos?

A Santa Casa apresenta condições técnicas para realizar todas as etapas de um transplante.

Como é feita a conservação do corpo até a retirada dos órgãos?

O doador potencial é mantido no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), mantendo-se todos os cuidados terapêuticos. Evitar hipotensão arterial e parada cardíaca o que inviabilizaria a doação de órgãos.

Como é confirmada a morte e exames complementares do corpo?

A constatação da morte encefálica é feita pelo neurologista através da avaliação clínica e confirmada com exame complementar, eletroencefalograma e/ou arteriografia cerebral. Estes exames são repetidos 12:00 horas depois para confirmar a morte encefálica.

Qual a relação emocional verificada no que tange: respeito a lei x médicos x familiares do falecido?

É uma situação conflitante, pois perante um momento de intensa comoção e angústia, os familiares do paciente em morte cerebral são subjugados por uma lei que não respeita seus sentimentos. * O médico, como ser humano, tende a solidarizar-se com a dor dos familiares e, em caso de recusa da doação, respeitar a decisão.

* a entrevista foi realizada no início do corrente ano. Antes do advento da extinção presumida de órgãos.

A Santa Casa tem, atualmente, condições técnicas para a retirada de múltiplos órgãos e intercâmbio com os possíveis receptores?

A Santa Casa tem todas as condições físicas e de pessoal para a retirada de múltiplos órgãos, bem como de grande armazenamento. Já temos feito vários destes procedimentos, inclusive com contato e doação para outros Estados.

Como é realizado o acompanhamento do paciente transplantado?

O acompanhamento dos transplantados é feito ambulatorialmente. Quando necessários são internados para exames ou tratamento.

Como proporcionar aos transplantados acesso aos medicamentos de custo elevado?

Os medicamentos contra rejeição são fornecidos gratuitamente pela Secretaria de Saúde.

Como é a recepção de órgãos de outros hospitais e/ou Estados?

O MG Transplantes é o órgão responsável pela escala dos hospitais a receberem os órgãos retirados. Quando não há receptor compatível em Belo Horizonte, são contatados os outros Estados através de suas centrais de transplantes

Como é feito o contato com os receptores e a equipe médica?

O contato com receptores é feito através do telefone e os médicos através de beep.

Quais os itens comumentes envolvidos para apuração dos custos de um transplante de órgãos?

O diagnóstico de morte cerebral, manutenção do doador em CTI, transporte para remoção dos órgãos a serem transplantados, gasto hospitalar com a remoção e o transplante, drogas para prevenir a rejeição do órgão, honorários das equipes médicas envolvidas, exames laboratoriais e de imagem, etc.

Qual o órgão a ser transplantado, que constitui o maior e o menor valor agregado?

Transplante de fígado é o de maior custo.

Transplante de rim é o de menor custo.

Dr. João Alfredo de Paula e Silva

Dr. Milton Soares Campos Neto.

O T & D Medicina agradece a atenção dispensada

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O SACRIFÍCIO FINAL - CASO REAL

  

Juliana literalmente se deu. Professora que gostava de se dedicar a arte e a poesia,

Contudo, com 26 anos, começou a sentir fortes dores de cabeça e seus médicos descobriram que ela estava com um enorme tumor no cérebro.

Notificada que suas chances de sobreviver a uma cirurgia naquele momento seria de 2% os médicos esperariam seis meses.

Durante aqueles seis meses Juliana escreveu e desenhou febrilmente. Suas poesias foram publicadas em revistas, exceto uma. Seus desenhos expostos e vendidos em galerias exceto um.

No final de seis meses foi operada.

Na noite anterior a cirurgia escreveu uma carta de próprio punho na qual declarava que, no caso de sua morte, todos os seus órgãos deveriam ser doados para aqueles que precisassem mais deles do que ela e esperava que seus familiares respeitassem e compreendessem seu desejo final.

Infelizmente a operação de Juliana foi fatal.

Seus órgãos foram retirados e enviados para vários receptores.

Um rapaz de 28 anos saiu das trevas para a luz.

Após alguns meses de recuperação decidiu-se a descobrir os familiares do doador que trouxe-lhe luz ao mundo e agradecer-lhes pessoalmente demonstrando-lhes a importância e a grandeza do gesto.

Procurou o Banco de Olhos agradecendo por sua existência. As enfermeiras ficaram sensibilizadas e forneceram ao mesmo o nome e endereço da família da doadora.

A campainha toca. A mãe de Juliana atende a porta e fica perplexa ao ver aquele jovem. Corre ao quarto de sua filha, abre uma gaveta e encontra um desenho e uma poesia anexa. O rosto do rapaz era idêntico ao daquele jovem e a poesia dizia:

Dois corações encontram-se na noite,

Apaixonam-se,

Mas nunca conseguem se ver.

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ANO I, NÚMERO 1

JORNAL MÉDICO TÉCNICO

DEZEMBRO 1998

PERIODICIDADE: BIMESTRAL

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